Manifestação dos Espíritos
As diversas faculdades são manifestações de uma mesma causa que é a alma, como os diferentes sons do órgão são produtos de uma espécie de ar, e não de tantas espécies de ar quantos forem os sons.
As qualidades morais, boas ou más, do homem, são as do Espírito nele encarnado. Quanto mais puro é esse Espírito, tanto mais propenso ao bem é o homem. O homem vicioso é a encarnação de um Espírito imperfeito; por isso, o caráter dos indivíduos em que encarnam Espíritos desajuizados e levianos é, não raro, o de criaturas malfazejas. O Espírito sempre progride em insensível marcha ascendente, mas o progresso não se efetua simultaneamente em todos os sentidos. Durante um período de sua existência, ele se adianta em ciência; durante outro, em moralidade.
A matéria não é senão um envoltório do Espírito, como o vestuário é o envoltório do corpo. Unindo-se ao corpo, o Espírito conserva os atributos de sua natureza espiritual.
O exercício das faculdades depende dos órgãos que servem de instrumento ao Espírito encarnado; elas são enfraquecidas pela grosseria da matéria. O envoltório material é um obstáculo à livre manifestação das faculdades do Espírito, assim como um vidro opaco se opõe à livre emissão da luz.
NOTA DE ALLAN KARDEC: Pode-se ainda comparar a ação da matéria grosseira do corpo sobre o Espírito à da água lamacenta, que tira a liberdade dos movimentos aos corpos nela mergulhados.
Os órgãos são os instrumentos de manifestação das faculdades da alma. Essas manifestações se encontram subordinadas ao desenvolvimento e ao grau de perfeição desses mesmos órgãos, como a boa qualidade de um trabalho, à boa qualidade da ferramenta.
O Espírito tem sempre as faculdades que lhe são próprias; não são os órgãos que dão as faculdades, mas as faculdades que conduzem ao desenvolvimento dos órgãos.
As qualidades do Espírito, que pode ser mais ou menos avançado, é o princípio, mas é preciso ter em conta a influência da matéria que entrava, mais ou menos, o exercício dessas faculdades.