A carne, orelha
Nijair Araújo Pinto nasceu em Fortaleza, mora em Crato e trabalha em Iguatu. Bombeiro Militar por profissão, professor por vocação e escritor por ‘aventuração’, desfiou-se nesse cardápio de sabores carnais, num churrasco entre mortos e vivos, cheio de petiscos ficcionais e de guloseimas sensório-sensuais.
São carnes brancas, vermelhas; cruas, mal passadas, ao ponto, bem passadas; carnes nuas, naus da navegação poética cujo berço, ancorado no além-mar, tornou-se banquete regado de lirismo baquista.
Obra discreta, o mais que se aproxima da genialidade de ‘alma minha gentil que te partiste’, está na maminha – saborosa carne que aqui não se degusta pelo estômago nietzschiano, mas em razão do tato e do olfato que surgem, subliminarmente, quando o verso, imbricado de sutilezas inconscientes, molha a carne que se excita na bacia dos odores verbais, templo do verbo encarnado que se macula com o pecado humano original.
Bom apetite!