Hiato

Há quase dois anos eu não exponho o que escrevo. A verdade é que tenho escrito muito pouco desde que decidi parar de sentir as coisas. É difícil escrever quando não quer por pra fora o que a mente não cansa de transbordar. Me resumi a escrever frases aleatórias em guardanapos, criei um grupo no Whatsapp só comigo e lá eu escrevo quando não consigo suportar. Postar não entrou em cogitação até então.

Ainda não são nove horas da manhã em um dia em que eu dormi a noite toda depois de muito tempo e aqui estou. Não sei o que mudou nesse quinze de março, mas aqui estou.

Lembrei com saudosismo do tempo em que blogspots eram lidos. Aqueles grupos de escritores amadores no Orkut, onde cada conto nos fóruns eram acompanhados como as tours mais populares do LDRV. Sinto falta do tempo em que tinha o hábito de ler o que as pessoas estavam escrevendo. Me perdia em blogs que eu sequer tinha explicação de como eu fui parar ali. Hoje me sinto soterrada pelo marasmo youtubiano e instagramítico, onde o conteúdo se resume ao entretenimento preguiçoso de quem muito fala e pouco pensa. Às vezes eu só queria ler um um pouco sobre alguém que eu não conheço. Às vezes, tudo que um escritor quer, por mais medíocre que ele seja, é ser lido. Passei um bom tempo me negando a isso e ainda é um desafio estar aqui relutante. É agridoce o sabor de saber que existe alguém que está gastando seu tempo em ler a confusão que mora em mim. Espero não estar desperdiçando o seu, de coração.

A B Queiroz
Enviado por A B Queiroz em 15/03/2018
Código do texto: T6280413
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