A alma que fere

A parte que fere é sempre uma vida que se envolve com outras. É raro dizer, com exceção às enfermidades próprias causadas pela ação direta ou indireta, que um sofrimento está vinculado à uma determinada razão cuja causa não seja alguém. Não se sofre pela árvore que lança o mau agouro, a mesma apenas produz frutos ou pode cair por intempéries, não se sofre pelo carvão que queima memórias fantásticas de uma vida conjugal, o mesmo apenas queima matéria quando ateado fogo, pois os elementos sozinhos não tem obstinação de causalidade, eles atuam por meio de outras combinações externas, nos quais sozinhos em nada se transformam para danificar. O ser vivente, hominídeo, possui o livre arbítrio para a benfeitoria, quanto á maledicência. Não traz senão ao vento palavras por si concebidas em meio às desesperanças, sentimentos maleficentes, perturbadores, adoecidos, enriquecidos, experientes ou saudosos. O ser humano consegue atuar por possibilidades verificando a sua volta modificações latentes. É ele quem opta pelo caminho dificultoso ou edificado. É ele quem tem poder sobre a volta para modificar aquilo que se é inerte e conduzi-las a um determinado fim, instrumento, palavra, força...

O sofrimento então por se compreender a causa provém daquele que detém as possibilidades ao redor, sobre agir e transformar. O caminho da erraticidade é vasto e confuso, pois o ser em que o toma desconhece a convergência natural da transição dos elementos e forças que se entrelaçam ao bem.

Por crer-se na ramificação do caminho confuso, envereda por qualquer braço achando estar na melhor opção de sua vida em seguimento.

E nestes braços se enlaça de forma equivocada a outros que tentam sair do caminho perturbador, e acaba os trazendo de volta à falsa realidade em que se situa. O sofrimento no presente lugar é causado pelas escolhas de outrém que acabam atingindo inevitavelmente outras escolhas de diversas outras pessoas que tentam se transformar e seguir, todos os dias.

Acreditar na equivocada máxima "minha vida e ninguém tem nada a ver com isso" é uma escolha egoísta extremamente adoecida, pois a rede espiritual dos seres a que se entrelaçam por afinidade se faz concisa e qualquer puxada da corda de uma ponta da rede fará com que a outra ponta sinta. Qualquer ida ao caminho dos braços laterais, o outro poderá ser puxado de alguma forma.

A união universal se faz forte e nao tem dimensão física estabelecida, por isso enveredar-se à esquerda ou direita no caminho e puxar aqueles que estão em proximidade, pode trazê-los depressa, ou incomodá-los, variando a força com que cada um caminha em seu trajeto.

Não devemos causar sofrimento a nós e sequer a nenhum ser, pois o laço que une a imensidão se faz forte e necessita transformar em um laço de felicidade para a progressão dos sentimentos gerais.

Patrícia, acompanhada de João Coutinho e Euler 26/07/2018