Quimeras

Quimeras

15/04/2015

Cada um de nós tem seus demônios, suas quimeras, seus fantasmas. Não tem como escapar.

Até o mais centrado e equilibrado dos mortais uma vez, em algum momento da vida, já teve que travar um luta tremenda pra domar essas forças que insistem em nos cercar. É claro que alguns já os dominaram há muito tempo, desde criança. Aprenderam isso quando sentiam medo do monstro do armário ou debaixo da cama. Quando tremiam só de pensar em ficar sozinhos no escuro. Corriam pro quarto dos pais e eles explicavam que não existia esse tipo de coisa e, com muita persistência, colocaram na cabeça do filho a ideia que isso era fruto da imaginação. Pronto! Nunca mais, em toda a vida, eles foram aterrorizados por esses fantasmas, e seguiram esquecendo que um dia eles habitavam seus quartos. Os aprisionaram na infância, juntamente com os brinquedos que não eram mais úteis.

Depois chega a adolescência, eles mudam de cara, mas continuam ali. Todos os nossos complexos aparecem para nos amedrontar e nos tirar do convívio social. Ficamos num canto cheio de vergonha por nossos defeitos que gritam para todos ouvirem. Aí nos rebelamos, nos fingimos de fortes ou que não estamos nem aí pra ninguém. Mas, a verdade, é que fingimos o tempo todo, quando no fundo, só queremos nos livrar desse monstros que insistem em nos tirar o sossego e a alegria de viver.

Mesmo quando chegamos a vida adulta ainda temos alguns. Claro que eles mudam um pouco de comportamento, afinal, qualquer adulto que se prese sabe disfarçar muito bem qualquer medo, insegurança ou incerteza que acomete nossa mente. Mas, mesmo assim, eles continuam lá, firmes e fortes. Nos colocamos numa proteção, onde ninguém entra e quando estamos sozinhos, colocamos toda a porcaria pra fora. Por vezes, nos sentimos mal por simplesmente sermos humanos e nos sentir assim quando, na verdade, não deveríamos.

O bom seria que se admitíssemos nossos fantasmas e monstros, sem ter necessidade de colocar máscara para sermos aceitos pela sociedade. Seria um paraíso se, simplesmente, nos aceitassem como somos, mas, como fazer isso, se nós mesmos queremos abafar esse nosso lado “negro”? Deveríamos sim é conversarmos com nossos monstros e tentar explicar que não adianta nenhum deles se manifestarem porque a vida é assim: sempre quando queremos esconder debaixo do tapete, um rabo insiste em ficar pra fora. Assumamos, então, nosso lado frágil.

Convivamos com ele da melhor forma possível, sem nos sentirmos culpados por simplesmente sermos humanos. Nada mais libertador do que assumir falhas, culpas e botar a cara pra bater, sem medo de nos machucar.

Afinal, cair e levantar faz parte da vida. E quem nunca passou por isso, que atire a primeira pedra.

Jo Leitte
Enviado por Jo Leitte em 07/10/2018
Código do texto: T6469834
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