Desconectar

Desconectar

19/04/2018

Cada vez mais me impressiono com a incapacidade do ser humano em se desconectar.

Nem aquele momento em que deveria ser só seu, de paz e tranqüilidade. Aquele instante em que nos damos para escutar o silêncio e se voltar par nós é interrompido com mensagens, chamadas, emails ou qualquer outro som simplesmente porque não desligando o celular.

Não conseguem, parecem que ficam sem ar, sem vida, sem rumo. Os pensamentos se atrapalham porque a bateria está acabando, porque não tem sinal, porque não vão conseguir achá-lo.

Ler um livro enquanto se desfruta de um café é coisa de gente estranha. Todo mundo que faz alguma coisa sozinho, está sempre de olho numa tela.

Não que eu seja contra, ao contrário, acho que a internet é útil demais mas, quando ela passa a nos dominar é muito perigoso.

Se não conseguimos ficar a sós com nós mesmos, nem um minuto sequer, penso que há algo errado.

Estamos correndo o risco de ter uma geração de pessoas virtuais, e não me refiro só aos jovens, tenho visto pessoas de todas as idades totalmente conectadas.

Se estão vendo televisão, estão olhando o celular, se vão ao banheiro, não esquecem dele, se estão numa mesa de restaurante, mesmo que acompanhados, estão de olho na tela.

Se comem, se dormem, se acordam, se adoecem, se tem festa, se estão tristes, tudo vai para a internet.

Não temos vida privada, isso é coisa do passado. Se não estamos conectados, nem temos mil redes sociais ou grupos disso ou daquilo, somos estranhos.

A privacidade já faz parte do passado. Hoje não existem mais indivíduos e sim coletivos.

Ter sua vida própria é coisa de velho. Se não postar, não valeu. Se não tiver muitas curtidas, aquele passeio sensacional não adiantou de nada.

Tudo é exposto, tudo é coletivo, tudo é pra todos.

Deixamos de ser um ser humano, somos uma sociedade, somos terra de ninguém.