Carnaval, a bola da vez
Carnaval, a bola da vez.
Sou pastor, sou crente, e não abro mão do meu direito de cultuar o Deus de minha vida, o Deus que me tirou de um charco de lodo, de um rio de lama e dos braços da morte.
Mas quando por misericórdia me resgatou e mudou a minha vida, me curando, me resgatando e me devolvendo a dignidade; encontrou-me no meio que eu optei por estar até então. A miséria em que me encontrava, a vida desgraçada que eu vivia até então, era fruto das minhas escolhas; consequência dos meus erros e nunca culpei e nem culpo ninguém. Quando me vi perdido apenas clamei por socorro e uma pessoa que eu nem conhecia me apresentou a esse Deus.
Pois bem, continuo com Ele, necessito Dele e não consigo viver sem Ele. Isso faz de mim melhor que você? Não, claro que não. Isto faz de mim alguém consciente do que somos, e, que por mais inteligente e ou mais rico, mais belo, mais saudável que sejamos, sem Ele nada somos.
Aprendi também que tenho que respeitar o direito de pensar, de viver, e de optar como quer viver, das pessoas.
Independente de ser Pastor, crente, descrente, ateu, rico, pobre, feio, bonito, e do que mais possamos considerar; vejo e penso que estamos tornando o mundo a nosso redor cada vez mais hostil, pesado; difícil de viver e conviver com as pessoas. Quem é o grande culpado por tudo isso?
Por essa intolerância tola e gratuita, por esse direito que usurpamos para reivindicar o direito de reivindicar o direito de agredir, machucar, ofender e até matar nosso próximo?
A nossa dor é sempre maior que a dor do meu próximo? As minhas indignações são mais justas que a dos outros? Os meus direitos estão acima dos seus? Quem é o culpado por tudo isso? Deus? O diabo? As religiões? As filosofias politicas? As culturais? A ciência? A tecnologia? Os interesses diversos?
Onde queremos chegar? São santos os que são de Deus? É do diabo o carnaval?
São loucos os que se dizem salvos? São ladrões os pastores? (Pergunta!!!) Como definir os viados, sapatões e afins, de forma que não se provoque ira?
Até os animais tem o direito de reivindicar algo. Até os animais tem o direito a sexo com humanos. Tudo mudou e nem todo mundo percebe.
Quem somos nós? Criaturas mesquinhas cheias de nós mesmos; de nossos direitos, de nossas sensibilidades e sem responsabilidades, cada vez menos compromisso com o próximo e com o meio.
Buscamos um culpado. Olhamos pra cima, olhamos para o lado, olhamos pra frente, olhamos pra trás, mas não olhamos pra dentro de nós mesmos; não olhamos no espelho com o olhar crítico pra enxergar além do rímel e do batom que disfarça a minha aparência real, e o meu caráter que insisto não ver.
Aí,busco culpados; é mais fácil responsabilizar a outrem pelo estrago que causo ao meu redor.
Carnaval é só carnaval. Vem e vai, deixando seus filhos, suas enfermidades, seus ganhos, suas perdas, seus feridos, seus mortos, seus vivos-mortos, os que vivem em função dele, pois, tornaram-se seus escravos e prisioneiros.
Ah, e tem também aqueles que no princípio somente curtem, e com o tempo se frustram e se deprimem quando ele acaba desesperando-se clamando para que o ano corra para que chegue o próximo, e assim a vida se vai e não percebe.
Essa é a vida. Mas quem é o culpado por tudo isso?
O governo, a sociedade, as escolas de samba, os clubes, as igrejas, a religião, a fé?
Cada um tem o direito de aproveitar a vida como lhe convier; entretanto, cada um tem o dever de respeitar o espaço de seu próximo, e proporcionar-lhe o que deseja receber em troca.
Respeito a sua, mas, essa é a minha opinião.