UM DEPOIMENTO SINCERO!

Hoje eu preciso falar, até porque, ultimamente as personagens têm falado por mim. Sabem, ontem estava deitado no sofá, quando me fiz a seguinte pergunta: por que escrevo? Qual é a graça de se passar 7, 8 ou 9 horas, completamente isolado do mundo real, mergulhado em histórias em que os seres agem como se estivessem mesmo vivos, quando não passam de criaturas inanimadas, que só existem por meio das palavras?

Pensei em parar de escrever, apagar a novela que estou finalizando, quando, por qualquer motivo, a consciência - este ser maravilhoso que nos habita - chamou-me à razão.

Não estou perdendo tempo atrás do computador, deixando de viver a vida em festa, clubes ou passeios de toda natureza, afinal, os seres de que me referi há pouco são partes de mim, retalhos, como dissera uma vez Cris Pizzimenti. E como partes, guardam sentimentos nobres, desejos dos mais profundos; falam aquilo de que não posso; vivem as aventuras de que sempre tive medo; amam em demasia, como eu nunca consegui; acreditam, choram e sorriem com a mesma velocidade de quem não se preocupa com o julgamento dos outros.

Daí percebi, o que seria de mim se não desbravasse, quase que cotidianamente, o mundo mágico destes seres que tanto me espelham no papel? Não tenho a mínima ideia. Mas, certamente, seria triste, depressivo, uma alma perdida entre figuras reais ou alguém duvida disso? Eu não!

A única certeza de que tenho é a de que não estou perdendo o meu tempo ao dar vida a tantas tramas imaginárias, porque elas, assim como as palavras, são o meu oxigênio, a força mais bonita que vive em mim. E ao invés de perder o tempo; tenho-o ganhado na companhia de criaturas sem face, cuja alma é a palavra e o destino a frase , o parágrafo, o capítulo e o romance completos.

Tudo isso se completa, quando um leitor lhe manda uma mensagem de apoio, elogio e mesmo crítica; nesse momento você percebe que tudo o que criou durante horas, dias, meses e anos nunca fora uma ficção; vive não apenas em você, mas em todos que acreditam no que você faz.

Assim termino, reencontrando o sentido de ser um escritor: levar a alegria, por meio da ilusão, a todos os corações que deixaram de acreditar nos seres reais!