Palavras Soltas em Abril

Quero dizer-te o que sempre senti, mas ainda não havia dito

por não ter idéia da dimensão do quanto estaríamos distantes e isolados nesta ilha do medo. Estávamos dispersos.

Talvez nunca tenha falado que te admiro e independente de termos consciência ou não estávamos no mesmo barco.

Olhando pro mar não vimos os pássaros em revoada anunciando o caos antes da tempestade.

A probabilidade do naufrágio era grande, mas estávamos encantados com ideologias, confrarias, iguarias; lutas, tiroteios, bangue-bangue...

No entendimento de um todo nos resta um profundo silêncio imposto.

(As águas refletem o azul do céu!

Quer coisa mais bonita ao navegar?! Pra quê preocupar...)

Queria dizer-lhe que meu coração está em pedaços por não ter lhe dado as mãos quando escorregavas na proa desta imensa embarcação sob o sereno frio. Tuas mãos... Agora as seguro em meus olhos, e terei teus risos guardados para sempre.

Eu nem disse o quanto o amo, e isso dói... Ah, dói irmão!

Já já não poderei mais vê-lo, posto que sucumbiremos todos neste horizonte vermelho e sem fim.

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 05/04/2020
Reeditado em 06/04/2020
Código do texto: T6907199
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