Dias...

A vida e suas Segundas Feiras.

Alguns dias, você vai acordar e sentir preguiça de enfrentar o ônibus, o mau hálito do passageiro e o mau humor do motorista, o peso da mochila e as 12 horas até se jogar no sofá da sala.

Noutros dias, você vai lamentar as nuvens escuras do Domingo que se despede. E com muita frequencia, terá de enfrentar as Segundas Feiras, seus raios cor de rosa, anunciando um novo ciclo.

Outras vezes, vai encontrar os primeiros fios de cabelos brancos frente ao espelho, a gordura se acumulando, a estria na barriga que cresce. Você vai se ver grávida sem ter nada nem pra você!

Você vai criar coragem de, finalmente, declarar sua paixão para aquela pessoa que, no máximo, vai lhe dar sua amizade. E, se tiver sorte, não vai rir ou debochar dos seus sentimentos.

Outro dia, ao receber o resultado dos exames, você dará gracas a Deus por ser com você e não com alguém que você ama e que sustenta sua força pra viver e enfrentar. E então, injeções, tratamentos, cirurgias, serão bençãos e não mais coisas a se temer.

Junto aos seus colegas, verei você na rua, levantar as mãos e as bandeiras, brigando por ter direitos, exigindo um mundo melhor.

E você vai ouvir gente que você gostava dizer que você foi mau intencionado, mesquinho e imaturo.

Dias em que tudo o que resta é sentar no sofá, em posição fetal e perceber o quanto é e foi infeliz, sem forças para retomar. E é quando você desejará Segunda Feira pra não ficar em casa, chorando.

Dias de sol, no parque, sorrindo, com as crianças, com os cães, consigo mesmo.

Dias de paixão, ardendo e golfando em soluços, com seu amor.

Dia seguinte, indo embora, com o coração na mão, sem certeza do futuro e do que você deixou naquela pessoa para quem você mudaria toda a sua vida só pra colocá-la dentro.

Ou então, você pensando baixinho, pra que ninguém se machuque, seu coração perguntar se ainda quer mesmo estar nesse relacionamento no qual toda a sua vida está misturada,

Dias de deixar a casa imunda pra poder dormir em paz. E outros, de limpá-la pra impressionar as visitas, para seu filho engatinhar e evitar a rinite.

Dias em que você sai para dancar e toma o porre, vomitando álcool, as tripas e tudo o que ficou entalado pela vida.

Dias de perceber quem é amigo pra te levar de volta pra casa.

Dias de se deparar com injustiça e sentir revolta. E perder seu ídolo. E perder o emprego. E perder o grande amor da sua vida e não saber nem que ainda está respirando.

Dias em que você recebe , finalmente, a pessoa que sempre quis ...mas percebe que não está pronto para ela.

Ou, que você se forma, nasce seu bebê, você vai ao casamento do seu ex, do seu melhor amigo ou daquele vizinho chato que insistiu tanto (!) que você fosse.

Até que um dia, você, velho de tanto viver, com 15 ou 90 anos, tanto faz, na cama do hospital ou da sua casa... você percebe que

a vida é bela.

Ela te pôs pra viver e você só está nela por que você é forte. E ela quer isso de você. E ela vai exigir. Por que ela obriga. Não pede. Ela forneceu sua existência e te exige, em troca, coragem.

E só nos resta viver.

Ela é quem manda na gente e nesse negócio todo aqui. Ela é a natureza. Sabe se vingar. Sabe permanecer. Com uma só patada, nos desmancha. E que, por sua vontade, nos põe a viver, imperiosa! Somos seus e ela não nos pertence. Nós é que a ela pertencemos. É quando sentimos, de todo coração, gratidão por viver. E tudo que queremos, é tudo de novo.

A vida é bela. Só nos resta viver.

Vá!

Juliana Mendes Bueno Artemis Lua Crescente
Enviado por Juliana Mendes Bueno Artemis Lua Crescente em 09/05/2020
Código do texto: T6942562
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