Beija-flor
Numa noite chuvosa
Chego em casa e algo
Se movimenta
No meio da rua
Viro-me e nada vejo
Volto minha atenção a fechadura do portão
Mais uma vez algo me chama a atenção
Viro-me novamente
E vejo que algo cai
Dentro de um bloco de concreto
Resolvo ver o que era
Para minha surpresa
Um minúsculo beija-flor
Assustado, molhado e todo verdinho
Mais parecia uma alfacinha
Peguei-o com toda delicadeza
Com minha enorme mãozinha
Abri o portão ainda com medo dele voar
Subi as escadas correndo
Correndo o risco de escorregar
No piso todo molhado
Abri a porta e gritei:
Bem! Venha ver o presente que eu lhe trouxe
Ela vindo em minha direção respondeu:
O que é Agora que você comprou
Quando abri a mão seus olhos brilharam
Que lindo
Disse ela toda maravilhada
O que faremos com ele?
Perguntou ela:
Ora disse eu
Vamos cuidar
E neste intervalo de conversa
Ele voouuuuu
Corri atrás, ele voava voava pela sala
Mas o peguei,
Fiz melzinho e ele experimentou
Aí tudo mudou
Já ficou no meu dedo como se me conhecesse a anos
Ficamos ali na sala e ele tomando melzinho de colher Sentadinhos no meu dedo.
Aí minha esposa disse:
Por mais que amamos estas criaturinhas
Ela terá que partir
Meu coração entristeceu
Mas era a pura verdade
Sai com minha esposa procuramos um jardim
Achamos um cheio de flores
O soltamos e voltamos para casa
No dia seguinte passei por lá
Não o vi mais
Mas suas minúsculas pegadas
Ficaram eternamente em meus dedos
E em meu coração humano
Que não o esqueceu jamais
Ângelo Phalconi