Não me conformo

Não sei ao certo qual é a minha missão no mundo.

Mas, seguramente, sei que não nasci para me conformar.

Não me conformo com a dor. Deveria ter sido considerada

dispensável já na gênese de tudo.

Não me conformo com a injustiça. Nós, homens e

mulheres, já deveríamos ter aprendido que ela é

possível de ser deixada para trás.

Não me conformo com a tristeza. Esse sentimento é outra

coisinha que poderia muito bem não ter sido criada.

Não me conformo com a desigualdade. A idéia de que

possam existir seres humanos superiores e inferiores

não se sustenta quando lembramos que todos nós, eu digo

todos, um dia, acabaremos como refeição dos vermes da terra.

Não me conformo com a educação sufocada pelo dinheiro.

Estamos ensinando um materialismo tosco às novas gerações

quando colocamos no dinheiro o sentido da vida, quando

sabemos, por dor ou por amor, que a vida mesma está na

gratuidade do ser.

Não me conformo com o professor maltratado. Por que

desrespeitar exatamente aquele sem o qual nenhuma outra

profissão seria viável?

Porém, a par do meu inconformismo, eu sei que a dor, a

injustiça, a tristeza, a desigualdade, a ganância material

e o maltrato ao professor e à professora pedem-nos que

continuemos a lutar por um mundo de mais prazer, mais

alegria, mais igualdade, mais desprendimento e mais

consideração para com os nossos mestres e mestras.

Somos um deles. E a razão de ser do ato de educar

ainda pode ser encontrada quando sabemos que nossa

missão é humanizar, essa coisa que não se faz sem

paixão, ainda que isso tenha um preço.