A crise existencial da mentira.

A mentira mentia tanto e com tanto empenho, que não acreditava mais nem em si.

De tanto enganar, vilipendiar, tripudiar e distorcer a realidade, a mentira já não sabia mais quem era.

Tanto mentiu, que se perdeu e não sabia mais achar o caminho de volta, de ser apenas mentira. Tinha virado doença, maldição, contaminara o mundo.

Temia a verdade, é evidente, pois a verdade seria a única capaz de desmascará-la.

Desesperada, a mentira saiu pelo mundo buscando a verdade, talvez conseguisse confundi-la, afinal seu poder parecia ilimitado.

Não conseguiu localizá-la, pois as pessoas verdadeiras temiam a mentira e preferiam silenciar.

Tem diálogo possível com mentirosos? Claro que não. A verdade continuava em mentes corajosas, porém esperavam o momento certo para desmascarar os estragos da mentira que minavam as mentes e as relações.

A mentira travestiu-se em roubo, invasão de privacidade, derrubar quem se coloca no seu caminho, perversão.

Já não se reconhecia, mentia para si mesma, a sua perversão voltou-se contra si implacável, contudo ela não conseguia parar.

Até que a mentira encontrou-se com a MENTIRA PERVERSA, assassina.

O diálogo foi assustador, perderam-se nas tentativas de enganar.

Acabaram se matando mutuamente, morreram abraçadas.

A verdade tentou mostrar sua face, doce ilusão!

A mentira tinha deixado herdeiros que continuavam envenenando o mundo.

Moral da história: a verdade está apenas na mente dos que ainda a conservam e preservam-na, e o mundo continua contaminado pela mentira.

Um dia quem sabe?

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 22/03/2021
Código do texto: T7212905
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