Virei-me e já não estavam lá

Elas estavam ali na praça, sentadas no banco de madeira envernizada, no entorno daquela área verde, quase um horto municipal; aliás, soube que elas, costumeiramente, reuniam-se ali para colocarem o papo em dia sob as sombras de árvores de médio porte, sempre supervisionadas pelos pais, à distância, geralmente nos finais de semana e/ou feriados, como quebra de rotina da semana inteira, de tempo integral, na escola. Era uma tarde vernal chuvosa, eu não as conhecia, mas as vi ali; lembro-me bem muito em razão das sonoras gargalhadas que observei quando passava nas proximidades, pareciam estar se deliciando com aquele momento compartilhado a três. Segui meu caminho apressadamente, pois estava sem quaisquer proteções para as chuvas e, há poucos metros dali, um intenso estrondo me chamou a atenção, poderia ser um trovão, mas logo constatei que não; instintivamente, VIREI-ME E JÁ NÃO ESTAVAM LÁ: o banco e as meninas, somente os rastros de uma tragédia inominável.