Marília Mendonça

- que isso, Benzim. Deu pra esrever poesia, agora, éé? Xô vê, iss?

- nada, apenas uma vaga lembrança dos cabarés, dos porres, das noites mal dormidas, das cores dos batons nas golas das camisas, das lambisgoias de plantão, das camas de marfim, dos amores atrás do balcao, das...

- huummm, bacana! Pena que Ela morreu no acidente, se não, poderia gravar essa dor de corno poética; estilo cultural família brasileira moderna.

A gente ía rachá de ganhá dinheru. Putaria musicada, tá valorizada. Oia, rimô!

- jura que cê, gostô??

- letra muito mió que de funque!

O que restou dEla

Ôô, sofrência!

Minha vida é beber e chorar,

Por isso sou muita cachaçada,

E pouca oração,

Em minha cama,

Que é mesa de bar,

Onde escrevi essa canção.

Ôô, sofrência,

A muié me deixou,

Com outro fugiu,

Só uma garrafa de cachaça,

Para rebater o porre de ontem,

Minha fraqueza,

Maldita carência.

Ôô, sofrência!

Chorar o leite derramado,

Tomando uma birita,

É extravasar os sentimentos,

Nada de indecência.

Ôô, sofrência!

Ela se foi,

Na rua da Amargura fiquei.

Amanhã é outro dia,

Vou dar a volta por cima,

E esquecer que um dia te amei.

P.S.: um país nada mais é, que a cultura difundida, adorada e idolatrada, por seu povo!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 06/11/2021
Reeditado em 09/11/2021
Código do texto: T7379841
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