Há tão pouco tempo

Agora ele sabe que há pouco tempo, bem pouco tempo. Na verdade, não tem definido exatamente quanto, mas sabe que é pouco...

A única coisa que ele quer é tempo... tempo o bem mais precioso... mas ele sente que o tempo que tem escorre entre seus dedos... e, por mais que se esforce, não consegue segurar... ele quer correr atrás do tempo, mas está sempre atrasado... o tempo perdido está perdido.

Por que não viveu melhor?

Por que não escolheu melhor? Por quê?

Por quê?

E por quê?

Houve um tempo em que ele não tinha noção do tempo... o tempo passava como ar de primavera... leve.

Hoje o tempo passa pesado, ele tem noção de cada minuto no seu relógio tic-tac... tic-tac... pesando nos seus ombros... um assombro... um eco em seus ouvidos sempre lhe lembrando de que o tempo não para... que está lhe levando para o inevitável fim.

Por que tem de ser assim?

Ele sabe que o tempo passa pra todo o mundo.

Mas todo o mundo não tem importância pra ele. Só importa pra ele ele mesmo – e eu não o culpo por isso... porque no fim dos tempos cada um in-di-vi-du-al-men-te... deverá dar conta de seu tempo.

Todo mundo, por mais disposto que esteja, não poderá ajudá-lo... não estará lá pra justificar seu tempo perdido... inutilmente perdido.

Eu bem que tentei... mas ele bem que não entendeu, não se esforçou pra entender... continuando pondo seu tempo a perder...

Ainda é tempo?

Talvez essa pergunta, se sincera, possa lhe dar a resposta... talvez... ainda há/é tempo, ou não...

E o sol de pleno verão mantém toda a sua força... e queima os ombros cansados dele.