A rede e a leitura

Testei a firmeza das escapas nas colunas que sustentam o telhado da área da casa nova.

As cordas, também, novas aguentam o peso.

Ao longe contemplo a maresia matinal.

Dá até vontade de molhar os pés ao ouvir o canto dos pássaros em liberdade à beira do lago, mas prefiro iniciar a leitura, pois ela descortina o horizonte limitado ao meu cantinho de sossego.

Leio sobre o sujeito em sua travessia social, às vezes difícil.

Leio e construo expectativas de planos realizáveis, de objetivos possíveis.

Ponho o pé no chão e balanço suavemente a rede. Sinto o cheiro das águas, das árvores, da vida.

Outro cheiro embriaga meu olfato arriscando a chegada do momento do almoço (talvez) para degustar uma carne assada ou um frango caipira (algo assim!).

Estou de olho na palavra e sinto o quanto ela é potente aos meus anseios.

Às vezes chego a pensar que estou viajando ao doce balançar da rede apenas porque estou em contato com a palavra em seu movimento espiralar.