Quem copia, nada cria

Do Mundo Antigo para o Atual

No Egito Antigo, era comum se observar, de dentro de um barco, a beleza da rica vida selvagem que se estendia pela região pantanosa ao longo do rio Nilo. Dentre muitos animais, se encontravam o famoso e ameaçador “crocodilo do Nilo” (com seu monstruoso bocejo) e o hipopótamo – que embora se mostrasse tranquilo, poderia atacar, ferozmente, ao sentir o perigo rondando a sua prole. Assim, era capaz de matar o seu vizinho mais temido por todos, o tal crocodilo.

Por outro lado, o observador podia se deleitar com as aves ali existentes como a poupa-egípcia, o martim-pescador multicolorido, o Falcão que era sagrado para o deus Hórus (deus do céu e protetor do faraó Ramsés I) e a bela Íbis – sagrada para o deus Thoth ou Thot. Inclusive, na mitologia egípcia, Thot é o deus com cabeça de íbis, considerado o deus da escrita, do universo e do conhecimento.

Para o visitante, flagrar um Falcão ou a Íbis em pleno voo, além de ser considerado um espetáculo de rara beleza, era visto como sinal de bom agouro.

E foi assim que a Íbis se tornou a ave símbolo do Egito.

Veja o que Fernando Pessoa, grande poeta português, escreveu sobre esta ave tão enigmática:

Íbis, ave do Egipto

Ó Íbis, ave do Egipto,

Pousa sempre sobre um pé

(O que é esquisito).

É uma ave sossegada

Porque assim não anda nada.

Uma cegonha parece

Porque é uma cegonha.

Sonha

E esquece —

Propriedade notável

De toda ave aviável.

Quando vejo esta Lisboa,

Digo sempre,

Ah quem me dera

(E essa era Boa)

Ser um íbis esquisito,

Ou pelo menos estar no Egipto.

(Fernando Pessoa)

E se nos versos do Pessoa, a Íbis não andava nada, ela era capaz de voar muito e explorar outros mundos...

Fonte: diversas.