Uivando para a Lua

A angústia tomando conta, cobrindo todo o espaço físico ao meu redor com sua longa manta, desejando acariciar e sufocar, sem uma referência da dose do que pode ser equilíbrio ou sadismo.

Preciso entender de uma vez por todas, pois já se foi. O passado por mais triste ou letárgico que tenha sido, já foi. Exatamente como o tempo verbal da palavra.

Mas ele ronda, como um demônio esperando pela falha do crente, como uma armadilha. Ele está ciente disso? Será que lembra ou só cabe a mim mesma essa ardência?

Eu deixei uma ferida, mas também cativei uma. "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Cativei a sua ferida, ainda posso curá-la?

O relógio, com sua lancinante música, avisa: tarde de mais, tarde... Você já tomou seu rumo, o rio precisa seguir, pedras no caminho servem para ser contornadas, não para paralisar a corrente. E, como um lobo uivando para a Lua, eu escrevo enquanto a angústia me devora. O passado precisa reconhecer o seu lugar

Lemos ACR
Enviado por Lemos ACR em 27/06/2023
Código do texto: T7823489
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