O BRASIL (QUASE) SEM CONSTITUIÇÃO

O BRASIL (QUASE) SEM CONSTITUIÇÃO

Tudo em mim estava contraído, reprimido, sufocado

Vivia um tempo que não era meu dia, mês e ano

Uma vida que não era minha, um tumulto outro

Um mundo numa dimensão que não me definia

Uma dimensão que não era minha numa Terra

Numa família sem pátria, sem deus, numa liberdade

De mentirinha. Um Nero, Bad Bozo, tocava uma lira

Qualiras incendiavam Roma. Velhas carpideiras

Bailavam tango, viam Cristo num galho de goiabeira

Professavam um evangelho que não era o Dele

Tudo estava fora de lugar, numa zona sórdida

Os caminhos se fechavam em torno de um AI-5

Um boiadeiro de nome Bad Bozo encurralava

Num cercadinho o fato de bodes e carneirinhos

Na extrema direita da Câmara dos escondidinhos

Os conserva dores queriam preservar o passado

Como se o presente inexistisse, exceto como ficção

Numa condição anterior à democracia onde a Velha

Grécia era invadida pelos bárbaros antepassados

Comedores de carne seca com farinha. Carniceiros

Buscavam rasgar a Constituição, servos que eram

Da diva fascista das lápides nas quais tocavam

O circo dos horrores nos gabinetes do ódio

Dos políticos Tiriricas, senhores do negacionismo

Pastores do medo com serva a dor. O metabolismo

De gabinete lançava para debaixo do tapete

As sobras do restava do banquete do tempo

Da ditadura. Bad Bozo e seus filhotes

Dançavam o pagode da dita dura. Os templos

Dos pastores do medo os felicitavam

Hoje, não são mais que réus primários

No aguardo do toc-toc da prisão.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 07/05/2024
Reeditado em 12/05/2024
Código do texto: T8057940
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