DE UM BAIANO PARA OS PERNAMBUCANOS (recado)

Não sou de mandar recados. Também não sou de ficar calado quando estou convencido de alguma coisa. Exatamente por isso, depois de alguma reflexão, acabei tomando esta iniciativa, dirigindo-me aos meus irmãos pernambucanos. Vou logo direto ao assunto:

Sem querer generalizar, afirmo com convicção existir por parte de vocês uma certa cisma (não pode ser outra coisa) com relação a nós baianos, o que lastimo profundamente. De onde eu tirei essa idéia? Simplesmente avaliando a freqüencia dos relacionamentos entre baianos e pernambucanos cá em nosso Site. É muito pouco! E verifiquei que a culpa não era nossa. Claro que aqui não é o MSN nem o ORKUT. Contudo é possível tirar estas conclusões. E não somente eu quem está a perceber isso. Conterrâneos, companheiros do Recanto com quem tenho conversado têm feito, igualmente, este tipo de observação. Repito: não estou generalizando. Existem pernambucanos recantistas maravilhosos a exemplo de Taciana Valença Ecila Yleus, Manuel Oliveira, Luana Caroline e outros que se comunicam conosco numa boa; sabem que somos filhos da mesma pátria. Por outro lado, existe aí um bom número, a maioria do interior, que parece não gostar das nossas visitas e muito menos de visitar-nos. Pelo menos, é o que deixam transparecer. Não estamos aqui, de modo algum, cobrando a retribuição de toda visita que fazemos. Não é o caso. Até porque compreendemos que isso nem sempre é possível, além de que ninguém tem essa obrigação. O que estamos aqui alegando é que, quando trata-se de baianos e pernambucanos, fica evidenciado ser uma coisa raríssima esse relacionamento. Para que não se diga depois: "Esse fio da égua nunca me visitou, como pode afirmar uma coisa dessa?" quero esclarecer mais uma vez que não falo apenas por mim; como já expliquei no início, falo em nome de outros conterrâneos, também. Talvez, alguém argumente: isso pode ser uma questão da proporcionalidade referente a dois Estados de populações distintas, uma grande e outra pequena. Foi o que eu, inicialmente, pensava. Porém quando vi que com Estados possuidores de índice demográfico bem inferior, como Sergipe, por exemplo, isso não ocorria... estranhei e não me conformei. Como conheço muito bem os pernambucanos (já estive em seu Estado várias vêzes) e sei que são um povo bastante educado, camaradeiro e comunicativo e como, também, amo a sua terra e a sua gente, resolvi me dá ao trabalho desta mensagem. Coisa desaconselhada por amigos a quem confidenciei. Alguns, disseram-me: "Deixe isso pra lá. Você vai ser alvo de muita crítica". Outros advertiram-me: "Não mexa com os pernambucanos", "Em boca fechada, não entra mosca"... E por aí. Mas, este é um dos males da nossa sociedade. Cala-se, omite-se ou prefere a fofoca. Não tenho receio de ser franco; tenho receio de ser injusto. Todavia acho muito difícil de estar agora enganado nas minhas observações e não vejo nenhuma ofensa no meu procedimento. Gostaria ainda de dizer aos nossos vizinhos que se existe alguma rivalidade entre os nossos Estados, deixemos isso para o campo dos esportes que nele isso tem razão de ser. Entretanto, aqui no Recanto, somos todos amigos e parceiros de uma coisa linda que é a literatura. Lembrem-se que, antes de mais nada, somos brasileiros e principalmente nordestinos. Aliás, disso deveríamos nos orgulhar já que pertecemos a uma das regiões mais brasileiras deste Brasil. Por fim, gostaria de revelar o seguinte: sou baiano, mas neto de pernambucano, fã de Alceu, de Dominguinhos, de Geraldo Azevedo, de Nando Cordel e de um dos maiores artistas da nossa cultura: o saudoso Luiz Gonzaga. Adoro forró e frevo. Na literatura, Gilberto Freire. Como se vê: sou quase pernambucano. Mas o que sou mesmo, é um nordestino cabra da peste. A cultura desta região, está presente em muito dos meus textos. Portanto, vamos acabar logo com essa baboseira da intolerância que cheira mais àquilo que é o avesso da cultura. Se eu estiver equivocado (até torço para isso), me perdoem. Mas se quiserem me criticar, estejam à vontade. E agora reunamos numa confraternização animada por um bom sanfoneiro de sua terra e dançemos um gostoso baião. Em seguida, desfrutemos de um apetitoso baião-de-dois com vatapá. E aí, com uma deliciosa caninha de Vitória de Santo Antão, brindemos fazendo em uníssono, uma grande saudação: Viva Pernambuco e viva a Bahia, também!

(este recado vale também para os cearenses)