O peso das palavras pode absolver a alma opressa, cansada e sem qualquer motivo pra desprender-se. Sentimos algumas palavras dilacerarem todo o nosso interior. Fazem sangrar a ferida que ainda não cicatrizou, rompem bruscamente as membranas que ainda mantêm certa lucidez. Quando juntas ao olhar, à expressão de quem fala, atingem a alma, hora transformando-a, hora destruindo-a. O cuidado que se deve ter ao falar, deve ser o mesmo que temos quando tocamos algo frágil, de valor inestimável. Somos responsáveis, pelos estragos que fazemos nas pessoas que nos procuram. Ser verdadeiro e justo não significa “abrir os olhos”, na maioria das vezes não estamos prontos, suficientemente fortes, para distinguir a realidade que nos cerca. O que se passa no coração e na alma de uma pessoa, é tão individual e absoluto, que só pode ser visto e sentido por ela mesma. Romper e destituir uma realidade que se acredita ser essencial, não auxilia, provoca dores maiores, quase insustentáveis... Cada um de nós sabe, exatamente, do que dá conta. Por isso, às vezes adiamos, até que o fruto amadureça. Abalar estruturas e mecanismos de defesa, Provocar desmoronamentos em sentimentos que já se encontram em ruínas, é estabelecer um vínculo de responsabilidade com aquele que despertamos através da fala. Se não podemos ajudar, que saibamos nos manter a margem.