FANATIZAR-SE, JAMAIS !

FANATIZAR-SE, JAMAIS !

Meu nome é johnn Wellson Bartmann. Fui criado por pais de classe média, no interior dos Estados Unidos da América. Até meus 15 anos, moramos numa cidadezinha do interior, até que meu pai que era mecânico de automóveis, foi tentar a sorte na capital Washington. Lá, eu e minha irmã Kelly conseguimos arrumar emprego e estudávamos à noite. Ela, com muito esforço, como eu, formou-se psicóloga e foi trabalhar num grande hospital. Eu terminei o curso de engenharia de produção química. Depois de trabalhar em três empresas de porte pequeno, já com um currículo melhor em razão desses empregos e pelos cursos extras que fiz, inclusive de pós-graduação e doutorado, consegui emprego numa grande multinacional. Éramos muito unidos e nossa mãe, do lar, era muito religiosa. Todos fomos criados na igreja Católica Apostólica Romana. Passamos a ficar financeiramente bem, a ponto de ajudar nosso pais. Casei-me com a Lilian, professora de línguas e tivemos dois filhos, Albert e Julie. Minha mana, talvez pelo excesso de trabalho, não tinha tempo de namorar e ficou solteirona. Seu maior desejo era ser mãe, mas casada e tudo o mais. As coisas começaram a dar errado, apesar da boa condição financeira. Certo dia que saí mais cedo do trabalho, resolvi apanhar minha esposa na saída da escola e, para minha decepção, a avistei beijando o diretor dentro do carro dele. Para mim foi o fim ! Orava muito, ia à igreja nas missas, mas aquilo não saía da minha mente. Separei-me e meus ex-sogros cuidavam das crianças. Comecei a freqüentar bares noturnos para tentar disfarçar aquele vazio dentro de mim. O desespero aumentava e as doses de álcool também, até que fui demitido. Fui conversar com um padre da minha igreja que tentou me consolar, mas não adiantou nada. Comecei a pegar birra da minha religião. Achava os padres frios, sem poder ou vontade de convencer e as missas monótonas. Certo dia, vendo na TV um programa de uma igreja evangélica, resolvi freqüentá-la. Os pastores e bispos me deram a maior atenção, me apeguei a eles e ajudei até como pedreiro a construir vários templos. Fiquei fanático a ponto de, nos dias de folga, procurar sob a orientação deles, atrair mais adeptos.Com o passar do tempo, notei que o interesse era acabar com o dinheiro que me restava. Parece que tinham feito uma devassa em minha vida e sabiam das minhas reservas financeiras.Sei que sou instruído e inteligente, mas nos momentos de desespero, a cabeça da gente fica fraca e fácil de ser influenciada. Fazem-nos lavagens cerebrais. Até o carro precisei vender.

Abandonei esta religião, se posso chamar assim esta prática e consegui, com muito custo, um emprego em uma pequena empresa. Neste período, em pouco espaço de tempo, meus pais faleceram e minha irmãa foi trabalhar em N. York . Fui morar numa pequena pensão, triste e desolado. Não podia ficar sem Deus. Então, por influência de um colega de trabalho, ingressei na igreja que ele freqüentava. Outra decepção. Senti que certos pastores são vendedores da imagem de Deus. Nos tratam com o maior carinho, colocam as mãos na nossa cabeça, chamam-nos de irmãos, prometem salvações e curas milagrosas, falam em nome de Deus, mas é tudo falso. Comecei a namorar uma colega de trabalho que era católica. Voltei a ser católico e fiquei fanático como ela. Trabalhava para os padres sempre de graça para angariar dinheiro para a paróquia. Notava que eram mais sérios e mais bem intencionados que os tais pastores. Não pediam dinheiro para nós, apenas nosso trabalho. Sentia-me agora um pouco mais feliz, pois fiquei sabendo que meus filhos estavam bem, embora residindo com a avó e a mãe em uma cidade distante. Mas falava sempre ao telefone com eles e vivia relativamente bem com a nova esposa, embora fosse dez anos mais nova que eu.Trabalhava, orava e ajudava na igreja. Já estava me recuperando do alcoolismo. Certo dia, foi transferido para nossa paróquia, um jovem padre que tinha grande poder de convencimento, era extrovertido, brincalhão e exorcista. Com seu exorcismo, fazia verdadeiros milagres. Ficamos muito amigos dele, a ponto de freqüentar nossa casa. Passava constantemente por lá para bater um papo, um cafezinho e, às vezes aos domingos, até para almoçar conosco. Sentíamo-nos felizes com sua presença, afinal, não tínhamos filhos e a família de minha esposa morava em cidades muito distantes.Confiávamos cegamente neste jovem padre. Eu contei toda a minha estória a ele e confidenciava coisas íntimas. Era nosso melhor amigo, pois os colegas de trabalho eram apenas colegas. Minha esposa começou a ter problemas de enxaqueca, com terríveis dores de cabeça. Tomava muitos remédios, foi a vários médicos, mas não sarava, além de passar a ter problemas de estômago e fígado, pelo excesso de medicamentos. Não desejávamos uma gravidez, pois ainda pagávamos aluguel e a prestação de um automóvel popular. Para evitar, eu me sacrificava um pouco ,usando preservativos, para poupá-la de mais medicamentos. Sabíamos que nossa religião era contra isso, mas era a única maneira lógica de nos equilibrar financeiramente. Para reforçar o orçamento, passei a trabalhar três vezes por semana como garçon em uma pizzaria. Expliquei ao padre que não poderia mais ir às reuniões noturnas, por motivo de trabalho, mas continuaria a colaborar sempre que pudesse e minha esposa iria normalmente. Certa noite,ela me disse feliz ,que se sentia melhor, porque o padre, através de hipnose e exorcismo estava conseguindo amenizar a sua dor. Também fiquei contente.

No sábado de manhã, único momento para meu descanso, minha esposa foi ao supermercado e eu recebi um telefonema do nosso médico, me dando os parabéns pela gravidez dela. Agradeci e senti que desmaiei, não de emoção, mas de mais uma decepção. Não comentei nada com ela, mas no dia seguinte, dando a desculpa que iria conversar com um colega, fui à casa do médico à noite e pedi-lhe que solicitasse retorno a ela e, sem que soubesse,mandasse o material para exame de DNA, pois tinha certeza que não a havia engravidado. Qual a minha surpresa, estava grávida do jovem padre. Abri o jogo com ela e jurou-me de pés juntos que nunca tinha tido nada com ele e que se respeitavam mutuamente. Depois de muitas discussões, minha esposa percebeu que tivera sido abusada sexualmente por ele num momento de hipnose, pois sempre o fazia a portas fechadas.

Mais uma vez, separei-me, embora sabendo que ela não tivesse culpa, mas não conseguia suportar a situação.

Tomei a decisão de voltar à minha terra natal. Lá, encontrei-me uma noite com uma colega de infância que fora nossa vizinha. Nessas alturas, já estava com 55 anos e ela com 52. Começamos um namoro e ela, muito sábia me aconselhou : Em nada devemos nos fanatizar e não precisamos de ninguém para nos intermediar com Jesus. Ele está à nossa disposição em todos os momentos para nos ouvir, nos amar e nos ajudar. Aposentei-me, abri um pequeno estabelecimento comercial, continuo católico, rezo muito e principalmente agradeço a Deus pelas graças obtidas e converso muito com Ele.

Encontrei numa vida simples e com menos dinheiro, finalmente a felicidade. Converso muito com minha querida esposa e a todo momento com Jesus. Na vida, sentimos tristezas, desilusões, desapontamentos, frustrações, aborrecimentos, mas nunca devemos perder a fé naquele que nos deu a vida e tudo de bom que há nela. Tomo a liberdade, amigo leitor, de dar um conselho, pela minha experiência de vida : não se fanatize por hobbies, esportes, política, dinheiro, por nada deste mundo. Seja fanático somente por Deus !

Abraços, Johnn.