Vida Morna
Às vezes pergunto-me,
O que nos leva a escolher uma vida morna?
Será que estamos realmente prontos para servirmos a sopa,
Ou mesmo para tomarmos o café que é posto em nossa mesa?
Essa resposta eu sei de cór. Apesar de insatisfeitos, insistimos em mascarar as nossas necessidades...
Isso está estampado na distância e na frieza dos sorrisos,
Na frouxidão dos abraços, na superficialidade dos afetos...
Na indiferença dos "Bom dias", quase que forçados,
Algo assim já nos dizia Luis Fernando Veríssimo...
Sobra-nos covardia, e falta-nos coragem, até para sermos felizes,
A paixão queima, o amor às vezes enlouquece, o desejo nos trai,
Talvez esses fossem bons motivos para decidirmos,
Entre a alegria e a dor, em sentirmos o nada, mas não são...
Até mesmo porque, estamos sempre sentindo algo que profundamente nos compromete...
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo,
O mar não teria ondas, a areia não teria pedras, os dias seriam nublados...
E o arco-íris mesclaria-se em tons de cinza, ou mesmo em preto-e-branco...
O nada não ilumina, não inspira, não seduz,
Não aflige e nem acalma...Aliás, ele é a ausência de nós mesmos...
Apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si...
Por isso, não deixemos jamais de fazer aquilo que realmente gostamos,
Aliado ao que intimamente buscamos compreender, nunca esquecendo, que nascemos para à felicidade...