O homem nunca pode parar de sonhar

Podemos dizer que o sonho é o alimento da alma, assim como a comida é o alimento para o corpo. Que o “Bom Combate” é aquele que é travado em nome de nossos sonhos, porque o nosso coração pede. Quando os sonhos explodem em nós com todo o seu vigor, na juventude, nós temos muita coragem mas ainda não aprendemos a lutar. Depois de muito esforço, terminamos aprendendo a lutar, e então já não temos a mesma coragem para combater.

O primeiro sintoma de que estamos matando os nossos sonhos é a falta de tempo. As pessoas mais ocupadas que conheço sempre arranjam tempo para tudo, já as que nada fazem estão sempre cansadas, não dão conta do pouco trabalho que precisam realizar, se queixam constantemente que o dia é curto demais, e assim nem percebem, que tudo que elas tem é somente medo de combater, o “Bom Combate”.

O segundo sintoma da morte de nossos sonhos são nossas certezas. porque não queremos olhar a vida como uma grande aventura a ser vivida, passamos a nos julgar sábios, justos e corretos no pouco que pedimos da existência, mas nunca percebemos a alegria, a imensa alegria que está no coração de quem está lutando, porque para estes não importa nem a vitória nem a derrota, importa apenas combater, o “Bom Combate”.

Finalmente o terceiro sintoma da morte de nossos sonhos é a paz. Quando a vida passa ser uma tarde de domingo, sem nos pedir grandes coisas, e nem exigir mais do queremos dar, achamos que estamos maduros, deixamos de lado as fantasias de infância, ficamos surpresos quando algum velhinho diz que ainda quer isto ou aquilo da vida, mas na verdade o que aconteceu foi que renunciamos a luta pelo “Bom Combate”.

Quando renunciamos a luta pelo “bom Combate” e encontramos a paz, temos um pequeno período de tranqüilidade, mas os sonhos começam a apodrecer dentro de nós, e a infestar todo o ambiente em que vivemos, começamos a nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam, e finalmente passamos a dirigir essa crueldade contra nós mesmos, isto é, passamos a ser o nosso pior inimigo. Assim surgem às neuroses e psicoses. (Paulo Coelho).