O HOMEM VALE O QUE TEM

"O homem vale o que tem". Essa frase, tantas vezes ouvida, desde a infância, ainda ecoa em minha mente. Embora, em minha inocência, eu tivesse tudo aquilo de que realmente sentia falta, ouvia repetidamente a frase citada por mulheres e homens adultos. Suas necessidades eram outras. As privações eram muitas. Eles não tinham tanto dinheiro, conforto e objetos quanto precisavam. Eram pessoas honradas, trabalhadoras, corajosas e fortes o quanto possível. À medida que o tempo passava, porém, por serem humanos, eles queriam mais. Tinham poucos bens, achavam que não tinham nada e que "o homem vale o que tem".

Com o passar do tempo, já vi e tenho visto muitas pessoas fazendo concessões e pactos por acreditar, a seu modo, que o "o homem vale o que tem". Vi homens e mulheres vendendo o que tinham de mais caro e singular. Alguns trocaram seu tempo necessário de descanso e lazer, os cuidados com a saúde, a atenção com a família por horas excessivas de trabalho, bajulação e dinheiro. Outros trocaram o domínio de seus corpos, suas consciências, sua dignidade por ilusões, prazer efêmero e dinheiro. Muitos trocaram sua coragem, sua força de vontade, seu caráter por corrupção, crimes, castigos e dinheiro. Pessoas e coisas seguem gerando negócios.

Ainda hoje, muitos continuam dizendo que "o homem vale o que tem". Eu não sei dizer se isso é bom ou ruim, mas penso que aqueles que amam e respeitam a si mesmos e outras pessoas, que valorizam coisas simples, porém importantes, sabem que nem tudo e nem todos estão à venda. Essas pessoas têm muito e valem muito. O dinheiro não pode comprar seus valores mais importantes.