AOS PAIS
Quando pequenos não conseguimos validar na imagem de nosso pai todas as dificuldades que ele vivenciou no decorrer de sua vida, para nos dar o melhor que estivesse ao seu alcance.
Independente dos pais afortunados, ou dos pais endividados. Todos, em igual condição, passaram boa parte de suas vidas imaginando o que viríamos a ser na idade adulta.
Muitos não conseguiram no decorrer da jornada exteriorizar seus pensamentos e se mantiveram distantes. Não, que não nos amassem. Simplesmente não conseguiram ou conseguem, ainda hoje, dizer : EU TE AMO. Mas, continuam sendo nossos pais.
Quantas vezes fizemos coisas para chamar sua atenção. Quantas vezes esperamos escutar coisas que não foram ditas. Quantas vezes exigimos e exigimos coisas que não estavam disponíveis para serem feitas ou em condições dele, fazê-las.
Aí nossa idade vai passando. Nosso herói se torna real e humano. Cheio de erros e acertos como qualquer mortal. Para aqueles que superestimaram seus pais, eles surgem como figuras frágeis e distorcidas na memória infantil.
Se podemos amá-lo simplesmente pelo o que ele nos representa, podemos perdoá-lo por não ser aquilo que esperávamos que um dia fosse.
No entanto, mais do que qualquer ilusão, ele é real e está do nosso lado. Se o perdemos com o tempo, não se esvai sua presença de nossa memória.
Sempre será nosso pai.
Abrace-o enquanto for possível. Não discuta o indiscutível. Ele tem sabedoria de sobra mesmo que não saiba fazer uso. Não trave batalhas inúteis, que só geram ressentimentos. Abrace-o apertado. Afaste dele qualquer dúvida dos compromissos que foram assumidos entre pai e filho. Não execute sumariamente um acerto de contas.
Caso não seja ´possível, porque o tempo foi rápido e o tirou abruptamente, antes que você pudesse converter mágoa em amor, saiba que todos os abraços são bem recebidos, e quando sinceros, vão além do corpo físico. Basta querer e desejar. Ele vai sentí-lo.
Pois onde o amor reside, o senhor faz uso de suas palavras e o sussurra ao vento.
Meu amado pai, hoje e sempre