AGRADECER


Tive um sonho. Eu poderia interpretá-lo como uma mensagem de Deus. Resolvi anotá-lo.
Sonhei que éramos uma família grande e morávamos em uma casa enorme que estava sendo construída. Num dado momento meu pai oferecia a cada um de nós um pequeno presente como forma de agradecimento não sei exatamente pelo quê. Logo em seguida fiquei tão comovida pelo seu gesto, quando ao mesmo tempo percebi a necessidade de agradecer todo o esforço que ele estava fazendo na construção de uma casa tão grande confortável para toda a família. Então eu disse a todos: Agora vamos a agradecer a quem realmente merece nesse momento: Peguei a mão de alguém, mas não sabia se era meu pai (não era); peguei a mão de outra pessoa (Perguntei disfarçadamente se era meu pai – não era); até que encontrei meu pai e mesmo sem reconhecer quem era, eu o abracei e agradeci por tudo e por toda intenção que ele estava tendo em prol da família. Acordei com uma sensação de que estou faltando com a obrigação e a caridade de agradecer às pessoas; a começar pelos nossos pais! Talvez muitos de nós estejamos relegando ao esquecimento nossos pais (muitos no final da vida) por questões de ressentimentos e principalmente por incompreensão por quais motivos muitos deles deixaram seus sonhos de outrora e se resvalaram no caminho da frustração, muitas vezes e quase nunca anunciadas a não ser por gestos de omissão, indiferença ou revolta. E o tempo passa...
Onde ficou tudo o que era precioso no início, quando nossos pais se conheceram e sonharam um idílio em suas vidas, tendo nós como parte deste idílio? Afinal é humanamente compreensível que frustrações ocorram, mas quando essas frustrações acarretam o comprometimento do sentido da vida dos seres humanos, é sobre-humano que se acorde a tempo e não se permita mais sofrimento num mundo que hoje está repleto de falta de esperança e de amor ao próximo! Onde está o sentido da vida, se não houver o sentimento? Agradecer e reconhecer no outro os seus mais íntimos valores por menores que sejam é um gesto de amor ao próximo! É mostrar ao outro que ele é querido, que ele existe não pelo que oferece de grande ou de pequeno, mas pelas nobres intenções! É não deixar cada ser cair no esquecimento quando ele se aproxima com uma simples flor a oferecer e a vê murchar nas mãos porque quem deveria recebê-la, não reconhece sequer a face de quem a oferece!
Ofereço este texto ao meu pai e principalmente agradeço a ele tudo o que calo, mas que nunca ficou esquecido!
FELIZ ANIVERSÁRIO! – 20.07.2010