Dirijo-me a alguns escritores do Recanto das Letras, que, durante anos, publicam suas produções literárias, e de repente as deletam, ou até mesmo abandonam o site. Ocorre que vida é vida, e obra é obra. Não acho justo nem certo que essas pessoas lesem as expectativas dos seus fieis leitores e estudiosos, retirando daqui tudo ou quase tudo que escreveram tão dedicadamente...
 
     E tem mais uma coisa: o intelectual, o artista criador precisa perder o receio de não agradar, ou de mostrar 
seus escritos mais íntimos (porque, ao se expor, vem a surpresa: ninguém compartilha de tais temores, quer é se deleitar com a sua arte). Quanto mais intimidade, mais alegrias do visitante de suas letras... Alegrias estéticas!


     Não citarei nomes nem obras; mas que desanima, desanima, e muito. Vou sair do Recanto. Antes, porém, faço esse obscuro protesto.
 
     Acontece que a obra desses senhores, uma vez publicada num site de qualidade internacional como o Recanto das Letras, adquire a dimensão, o status de obra de todos, intelectualmente falando. É como se o seu autor a editasse em livro de papel, que não tem como deseditar, como despublicar, raios! Entendam isto!
 
     Há naturalmente a cativante desculpa:
     - É que decidi melhorar alguns poemas (ou contos, crônicas...). Depois eu lanço lá de novo! 
 
     Ora, com os recursos técnicos do site, não é necessário apagar trabalho algum se for só para reescrevê-lo ou consertá-lo.  Vivo fazendo isto.

     De pronto, lembro-me de três escritores que jamais deletam nada, pelo contrário, estão sempre publicando algo novo: anabailune,  
andré boniatti  e  Ziza Saygli.
 
     Entendo que quando publicada – inclusive em sites ou blogs – a obra passa a pertencer de fato e de direito à Literatura Brasileira. Passa portanto a compor o acervo artístico nacional, com todas as honras e galas. (Acho que não erro muito ao afirmar isto.)
 
     Adeus. Foi ótimo conviver com vocês. Só aprendi! 
     E desculpem minhas opiniões desastradas.
     Grato à administração pela paciência, pela tolerância, pelas gentilezas mil.

     Estou desistindo de tudo.




Enviado por Jô do Recanto das Letras em 04/03/2012
Reeditado em 04/11/2012
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