A MORTE DO BOI BONITO

(Sócrates Di LIma)

Boi bonito

O Zé tinha um boi ligeiro,

Um boi de estimação.,

Um boi muito companheiro,

Boi bom de coração.

Era um boi trabalhador,

Que nunca teve medo do “roção”,

Era um boi de agito., Era o boi branco,

Era o boi bonito.

Lá pôr aquele rincão,

Desfilava nos rodeios.,

Ele chamava muita atenção,

No meio do seu povão.

Um dia de madrugada.,

Lá na beira da estrada.,

O Zé tocava o seu boi bonito..

Arando aquele chão,

Quando na encruzilhada.

Da estrada do areão.,

O seu boi arrepiou o jogando pelo chão.,

Quando olhou no galho da árvore,

Um baita dum cobrão,

Que se não fosse o seu boi bonito

O Zé não teria salvação.

Daquele dia em diante,

O seu boi de estimação,

Passou a ser mais querido,

Como se fosse um irmão.

Mas sua cabeça encheu de dor..

ficou apavorado e buscou o seu doutor.,

Seu doutor então lhe disse,

Que ele não tinha doença,

Ele deveria procurar o padre.,

Da paróquia Santo Antônio,

Pra fazer a sua crença..

Que era a sua solução.

Então assim o Zé fez...

procurou o padre lá de Cândido Rodrigues...

O Padre olhou para o Zé e disse desconfiado,

- Meu rapaz vá pra casa que você ta amarrado...

Vá lá mate o seu boi que ele ta enfeitiçado..

O Zé ficou atordoado, não podia compreender,

Porque aquele padre queria o seu boi morrer...

O Zé foi pra casa entristecido ao encontro do seu boi..

Lá estava o bonito radiante e alteroso,

todo alegre ao lhe ver...

Então o Zé decide, que seu Boi não ia morrer.

Procurou o seu Padre e explicou o acontecido...

O seu padre aborrecido disse que era preciso...

Se o Zé quisesse viver o seu bonito tinha que morrer..

O Zé largou ali seu padre e correu pro seu rincão..

Abraçou o seu boi e lhe doía o coração...

Ele lhe lambeu a cara como dizendo um adeus...

O Zé olhou nos olhos do Boi Bonito

e uma lágrima rolou...

O Zé se consolou abraçando o boi.

Foi pra casa descansar pensando naquele fato.,

Quando de repente ouviu uns tiros

Que lhe deixou desesperado..

Correu feito um maluco pra ver o acontecido..

Lá viu o seu boi bonito esticado pelo chão...

Bonito agonizava como se tivesse chorando...

Foram cinco balaços...

Que derrubou sua paixão.

E o padre ao lado do Bonito,

com mais três de seus irmãos...

Ele tinha na mão ofuscando, um sinhô três oitão,

e gritava sem compaixão..

- Zé do boi você ta curado...

- Eu sacrifiquei teu boi pra você Ter salvação...

O Zé vidrou os olhos,

Deu vontade naquela hora..

De também matar o padre..

Mas, Deus não deixou, logo o dobrou no chão...

Ali o Zé ficou parado com a dor do coração..

Esperando que a justiça,,..

Dê-lhe uma indenização...

Pois, Bonito não tinha preço..

Era seu boi irmão...

Com as mãos na cabeça o Zé soltou um grito...

Ecoando pelo chapadão.

Foi o som do seu gemido aflito..

Como se um raio contra o padre,

que matou seu boi bonito.

(Alusão à hstória de Zé do Boi de Cândido Rodrigues-SP, noticiado no jornal A Tribuna de Ribeirão Preto.)

Ribeirão Preto, 30/08/02.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 22/12/2008
Reeditado em 14/09/2010
Código do texto: T1348673
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