Amigo... segundo a Palavra

Amigo é uma ponta do laço, ligado num traço, no abraço fraternal.

Amigo é companheiro, é anjo protetor, é o encontro de almas lídimas que se entrecruzam no Trem da Vida, trazendo um pouquinho de si, levando um pouquinho de nós.

Amigo não se compra, nem se vende... mas, compreende-se!

Amigo é apoio, é ouvinte, é cúmplice, é direção... é o sentimento compartilhado... é quase um irmão!

Observa-se a importância do amigo desde o Antigo Testamento. Em Êxodo 33, a Palavra revela que Moisés conversava com Deus como dois amigos íntimos, pois o Senhor o considerava, afinal, Moisés era obediente à sua vontade e seus propósitos. E muito mais, o servo amigo compartilhava os sentimentos com Deus: padecia, entristecia, alegrava-se com o Senhor, conforme o versículo 11:

“Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo;...”

Amigo considera, acalenta, intercede em oração, comemora a vitória, assim como em 2 Crônicas 20:7, Josafá elevou sua oração à Deus, confiantemente, e nesse clamor, a Palavra mostra que Deus também considerava Abraão como seu amigo: “... e não a deste para sempre à posteridade de Abraão, seu amigo?”

Amigo visita, consola, incentiva, compadece, perdoa, manifesta solidariedade, ama...

No livro de Jó, a Palavra explica o sofrimento do justo, visto que ele ficou com o espírito angustiado diante da perda dos filhos, da saúde e das riquezas; privado, socialmente, da presença dos seus amigos e familiares, sendo zombado pelo povo e abandonado pelos amigos mais próximos. Sofrimento e luta é o sinal evidente de que há pecado na vida de alguém. Contudo, ele não pecou: “Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios”.

Neste livro pode-se notar o amor, solidariedade, a compaixão, o perdão, a oração entre amigos.

Quando os amigos de Jó ficaram sabendo de todo o mal que tinha vindo sobre ele, vieram consolá-lo, conforme mostra o capítulo 2, no versículo 11: “Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que tinha vindo sobre ele, vieram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita; e concertaram juntamente virem condoer-se dele e consolá-lo”.

Jó estava desesperado e afirmava a sua inocência, porém, os amigos queriam que ele reconhecesse em si algum pecado grave e o confessasse. No capítulo 6, quando está se justificando das suas queixas, ele reclama do apoio dos amigos que não compreendiam o seu sofrimento: “Ao aflito deve o amigo mostrar compaixão, a menos que tenha abandonado o temor do Todo-Poderoso”. E de acordo com o versículo 27: “Até sobre o órfão lançaríeis sorte e especularíeis com o vosso amigo?”

Neste momento, Jó entende que os amigos estão zombando dele, segundo mostra no capítulo 16, no versículo 20: “Os meus amigos zombam de mim, mas os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus...”

Entretanto, Deus repreendeu os amigos de Jó pela arrogância de suas palavras e por causa das acusações que faziam à ele: afirmavam que os fiéis somente recebem o bem e nunca o mal, sendo que o Senhor permitiu que Satanás ferisse seu servo; queriam que Jó confessasse um pecado que não existia, sendo que este era inocente e que se isso tivesse acontecido, isto é, se Jó tivesse concordado com eles, estaria mentindo e haveria, assim, a confirmação de Satanás de que o servo Jó temia a Deus apenas em troca de bênçãos e vantagens. A repreensão está no versículo 7 do capítulo 42: “... A minha ira se acendeu contra ti e contra teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó”.

Os amigos de Jó estavam equivocados a respeito dele e falharam diante de Deus. Mas, o servo Jó, reconheceu a sua fraqueza e a dos amigos, buscou a Deus e orou em favor deles, clamando pela misericórdia do Pai. O Senhor, por causa da retidão do servo, os perdoou. E Jó foi muito abençoado.

Amigo estende a mão, oferece o ombro, dá um abraço, como o rei Davi relata sobre o amigo que se compadece, chora junto, conforme o salmo 35:14, diz: “... portava-me como se eles fossem meus amigos ou meus irmãos; andava curvado, de luto, como quem chora por sua mãe”.

Amigo não trai a confiança, visto que fidelidade é um dos frutos do Espírito Santo. A infidelidade é manifestada pela traição de uma das partes, quando há uma quebra de contrato entre pessoas que se amam, e isso não é agradável diante dos olhos de Deus. No salmo 41, Davi mostra que Jesus se refere a Judas, amigo de confiança dele: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar.” Neste caso, o Senhor permitiu a traição para que se cumprissem as Escrituras.

Amigo não amaldiçoa, não zomba, não persegue, como está representado no salmo 55, o profeta lamenta a perseguição que sofre e diz, conforme o versículo 13: “... mas é tu, homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo.”

Amigo é companhia, é comunhão, é afeto, é luz na escuridão, de acordo com o salmo 88, no versículo 18, o profeta Davi sente-se muito triste quando está só: “Para longe de mim afastaste amigo e companheiro; os meus conhecidos são trevas.”

Amigo fica atento, anda em boas companhias, conhece o companheiro até mesmo pelo olhar. Sabe que é muito importante refletir sobre si mesmo e sobre a existência do outro, a fim de dialogar num mesmo compasso, seguindo na vereda do amor. Ele analisa o comportamental e observa se existe algo estranho no ar, nas palavras, gestos, atitudes, pois o perverso lança contendas para separar os amigos verdadeiros, segundo consta em Provérbios 16:29 “O homem violento alicia o seu companheiro e guia-o por um caminho que não é bom.”

Em Provérbios 17:17 a Palavra mostra que o amigo que ama, realmente, confia, dá suporte, conforta a ponto de ser considerado como irmão: “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão.”

Ter amigos sinceros, compreensivos, é muito bom, todavia, não é na quantidade que se mede o amigo, antes na qualidade daquele de todas as horas, daquele que é muito mais que amigo, conforme mostra o versículo 24 de Provérbios 18: “O homem que tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigo mais chegado do que um irmão.”

Amigo não vê os próprios interesses, mas além da caixinha de presentes, enxerga as riquezas da alma, é grato de coração.

A Palavra alerta sobre os falsos amigos, os aproveitadores, atraídos pelos bens materiais, conforme Provérbios 19:4 “As riquezas multiplicam os amigos; mas, ao pobre, o seu próprio amigo o deixa.” E no versículo 6: “Ao generoso, muitos o adulam, e todos são amigos do que dá presentes.”

Amigo incentiva o caído a levantar-se, auxilia na dificuldade alheia, presta gentilezas, aconselha com propriedade, segundo o versículo 9 do Provérbio 27: “Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim, o amigo encontra doçura no conselho cordial.”

Amigo estimula o companheiro, ajuda com o requinte do aperfeiçoamento de ambos, dado em Provérbios 27:17 “Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem ao seu amigo.”

Jesus não fazia acepção de pessoas, mas juntava-se aos enfermos para curar, aos pobres para abençoar, e aos pecadores para salvar. Amigo não critica, não julga, não vê defeito, antes, compreende, aceita, embora não concorde com o pecado, ama... simplesmente. Isso é visto no Evangelho de Mateus 11:19 “Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por suas obras.”

Amigo combina, serve, ouve, colabora, fala com brandura e amor, segundo o versículo 13 “... Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste tu comigo um dinheiro?”

Amigo espera, abraça, confia, troca afetos, beija a face, apesar de que o ósculo de Judas foi dado como traição ao Mestre, para que se cumprisse a vontade de Deus lá naquela Cruz. Ainda assim, Jesus o tratou dignamente, como amigo, conforme está expresso em Mateus 26: 50 “... Amigo, para que vieste? Nisto, aproximando-se eles, deitaram as mãos em Jesus e o prenderam.”

Em Lucas 11:5, Jesus ensina através da parábola do amigo importuno, exemplificando que um amigo vai à meia-noite pedir pão a outro amigo: “... digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo o de que tiver necessidade.”

Amigo alerta contra as situações de perigo, oferece sempre uma mãozinha, orienta a andar em retidão diante do Pai, corajosamente.

Jesus incita a não temer a homens, mas àquele que pode levar ao inferno, assim é exposto em Lucas 12:4 “Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer... temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno.”

Amigo serve ao próximo, prazeirosamente, recebe com hospitalidade, como em Lucas 14:10 “... Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas.”

Amigo defende os companheiros, empresta confiantemente, revela segredos, compartilha as boas novas, assim como no Evangelho de João 15:13 “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.”

Amigo é leal com os outros. A lealdade é um dos princípios que regem a verdadeira amizade. Quem exerce lealdade à Deus sabe praticar essa virtude cotidianamente. Em Tiago 4:4, a Palavra revela que quem tem amizade com o mundo é inimigo de Deus: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.”

E você...!? Tem sido amigo de si mesmo... tem sido amigo de Deus... tem sido amigo dos seus amigos... incondicionalmente!?...

Amado (a), a minha oração é para que você receba no seu coração o Amor Supremo, “paciente, benigno, que não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” Amém.

Amigo (a)... eu amo você!

Nota: AMIGO é um adjetivo. 1. Que é ligado a outrem por laços de amizade. 2. Companheiro; protetor.

(Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001).

Maricília Lopes Silva
Enviado por Maricília Lopes Silva em 29/12/2009
Reeditado em 03/06/2013
Código do texto: T2001806
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