DIA DA FRATERNIDADE UNIVERSAL

* Nadir Silveira Dias

Diz o calendário oficial vigente que o dia 1° de janeiro é o Dia da Fraternidade Universal (ou o Dia Mundial da Paz).

Como é mais que sabido, é o dia em que saudamos a chegada do Ano-Novo, a renovação de aspirações, das re-promessas, dos votos, dos augúrios de ano-bom, das sistemáticas prospecções de todos os gêneros: políticas, econômicas, sociais, culturais, afetivas, e ainda quem rege quem no próximo ano.

Talvez por isso mesmo, pela própria ordem de entrada das prospecções e vetores que as regem, é que tenhamos a cultura sempre aí no rodapé de todos os orçamentos públicos, fazendo com que cresçam as atividades marginais de autores e artistas que buscam publicar ou dar conhecimento de sua arte, de suas criações.

Mas isso já é objeto de inúmeros outros temários. Aqui e agora, outra é a vertente da qual me ocupo neste momento.

Para quem tem andado a procura da palavra certa. Para quem busca uma palavra que expresse a beleza, sem fugir da verdade. Para quem busca uma palavra que represente a verdade, sem que seja feia, sem que venha a ferir a ninguém.

Para quem anda a procura de uma palavra que faça amor ao simples enunciado. Uma palavra que cante o amor. Uma palavra que cante a vida, que cante a amizade. Eu tenho encontrado nesse mister muitas e muitas dificuldades.

Não de mim mesmo, pois isso sempre busco encontrar em cada novo amanhecer e penso ter conseguido alcançar a renovação mínima diária para continuar tentando irradiar essa coisa boa que é viver sadiamente.

Falo de ressonância. Falo de podermos perceber o quanto está valendo a nossa luta diária pelos valores que cultivamos. Pelos trabalhos que realizamos em prol da nossa própria pessoa, em prol do nosso vizinho, da nossa rua, do nosso bairro, da nossa cidade, do nosso Estado, nosso País!

E se é verdade que bem podemos avaliar o quanto nos traz de satisfação o que fazemos por nós mesmos, não é menos verdade que fora disso, pouco ou nada temos de retorno do nosso fazer diário, da nossa lida, da nossa faina, da nossa vida.

Isso, porém, não é motivo para desânimo. E trato disso exatamente nesse dia impar, maravilhoso, para que outros dissipem de suas idéias o quanto já dissipei.

Não é raro encontrarmos no futuro exemplos de quanto já fizemos de bom no passado e que, por uma ou por outra causa, somente vamos saber do valor da nossa realização anterior bem depois de sua semeadura, de sua incipiente iniciação. E esse é um momento decisivo. Mágico em potencial e diretivo e direcionador por excelência, pois vincula o indivíduo no que ele decidir fazer, de homem bom ou de homem mau. Faça bem ou fique bom. Não faça o mal. Só faça o bem!

Mas onde a fraternidade universal no coração dos homens? Onde a paz mundial que precisamos implementar e fomentar? E como posso fazê-la se eu vivo a ser fustigado pelos meus próprios irmãos de jornada e viveria apenas a brigar, caso não evitasse responder a todo tipo de provocações diárias? Vivemos num mundo em que somente parecem prosperar os distanciados do bem-querer geral, como comprovam muitos de nossos conhecidos que nada fazem e sempre obtêm o que querem, o que precisam. Não é isso mesmo? Como é isso? Está justo e correto isso?

Socorra-me nessa hora o fundador da Ordem dos Franciscanos, São Francisco de Assis (Assis, Úmbria, por volta de 1182 – idem 1226) e sua famosa oração que expressa, em essência, o princípio da reciprocidade, do qual nem sempre temos consciência ou se o temos nem sempre desejamos adotá-lo e que não se confunde com trapaça ou corrupção. É verdade essencial mesmo, da pura, legítima, inatacável!

ORAÇÃO DA PAZ

Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor.

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.

Onde houver discórdia, que eu leve a união.

Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.

Onde houver erro, que eu leve a verdade.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança.

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais:

consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.

Pois é dando que se recebe.

É perdoando que se é perdoado.

E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Pois é bem assim. Que bem seja conosco São Francisco de Assis. Hoje e sempre!

* Escritor e Poeta – nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 01/01/2007
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