Assuma-se: uma mensagem de amizade

Assuma-se! Mas não radicalize porque a consciência de si é mais importante do que qualquer extremismo cego. Aceite as próprias raízes, porque nelas reside a força vital do que é e pode vir a fazer do próprio ego.

Ao olhar para a própria pessoa, abrace o lado que julga feio com a

mesma ternura que merece a boniteza. E não lastime aquele cabelo que não é o ideal, nem maldiga a face que queria perfeita, os olhos que desejaria noutro matiz. Não menospreze suas mãos, braços, orelhas,

pálpebras, barriga, pernas, orelhas e nariz.

Olhe-se por dentro e saiba que o exterior é apenas o espelho que reflete o que você é internamente, e que cada um será belo segundo a própria cor, peculiar e diferente.

Pare um momento e contemple o real, registre o detalhe desconexo do estético lindo em tudo e a multiplicidade da vida e o intrigante. Fôssemos todos iguais ao todo, que leve graça teria a gente?

Ame-se e ame. Se a dor vier, não se condene e nem se acanhe. Nada no mundo é definido e definitivo, pronto, todo acabado, incurável ou certeiro.

Trate de reinventar-se a cada momento e use seu potencial criativo para fazer-se valer. Não se estacione na sarjeta do dias e tire o melhor do seu humor para não brigar com a idade que possa ter. Deixe o fatalismo para os vencidos e siga em frente, corra atrás para vencer!

O que deu certo, comemore! Do que não foi como queria, abra mão já... e não demore.

Não patine em mesquinharias. Seja generoso com tudo o que existir. Na vida nada é por acaso: sempre terá dela o que a ela der e a ela pedir.

O amor é por interesse? Desinteresse-se! O trabalho escraviza? Liberte-se! As pessoas não se partilham, não se dão? Deixe-as em si mesmas e onde estão. Responda somente por si, com o seu sim e o seu não.

Seja você o você mesmo: em casa e na rua, na escola e no bar. Há tanta gente querendo ser outro, mas isso... isso tem de acabar.

Assuma-se! Errou? Peça desculpas! Falhou? Tente acertar! Ganhou? Festeje! Perdeu? Pode chorar!

Pare de se comparar porque entre os singulares não há comparação.

Acolha-se na paz, no bem em você e na própria imperfeição.

Não dê ouvidos totais a terceiros, nem se acanhe com outra opinião: valha! Seu autovalor é a sua real condição.

Assuma-se vermelho, branco, pardo, azul, verde ou amarelo. Não minta, nem invente verdades, não crie enredos para se ocultar:

a autenticidade é sempre o caminho bom, melhor que se camuflar.

Não seja pela metade. Inteiro é o que você é. Se não for inteiro consigo mesmo, metade é o que os outros serão para você.

O que faz com uma metade? Quando é que se contentou com meia pessoa, meia amizade, meio respiro e meio amor? De corpo, mente, alma, espírito... é disso que você é feito: seja íntegro no espaço e no

tempo... assumido, intenso, o que for!

Ao assumir-se como é, também saberá assumir os outros na

mesma proporção. Perfeição é só uma idéia, de carne e osso é o que é,

em toda e qualquer ocasião.

Assuma-se e assuma. Liberdade é navegar, deixar a água correr e

curtir bem o que ela lhe dá, viver na travessia tudo o que lhe acontecer, sem jamais desistir de buscar.

Doa na dor. Alegre-se na festa. Viva o agora. E ame muito,

mas só ame por amor.

Não há razões para aceitar-se? Crie-as, invente, ouse! Seja artista de si. Só não se deixe anular.

Faça de si próprio sua melhor companhia, seu melhor amigo e seu melhor chão e moradia.

Lembre-se que a extensão é a matéria nua, mas ela de nada vale sem a intensidade que pode ter. Assuma-se e assuma. Seu desafio é ficar de pé.

Pelo bem e pelo mal, pelo mau e pelo bom, abrace-se na verdade, e de todo coração.

Mire alto e longe e onde tem de pisar, que viver nunca foi para amador.

O universo é feito de arcanos e você é bem mais que um ator.

Assuma-se e assuma. Só quem morreu não pode se aceitar. Ademais, amiga, sua vida é o único absoluto com que deve se importar.