CASA DE PAPEL

Cheia de gestos nus, inoscentes, inerentes.

Me vi à tua porta de papel. Entrei.

Caminhei no piso de lâminas de seda

Rodeada pelo silêncio,

Sempre o mesmo silêncio!

Teias de aranha enfeitavam as janelas de ar...

Um cheiro verde...

Salsa pendurada em raminhos no teto de papelão canelado.

Tua boca suja de amoras, minhas mãos cortadas das silvas.

Nossos lábios procurando o beijo azul,

como quando as nuvens querem beijar o mar e se enrolam

de mansinho na espuma.

Nunca ouvi um suspiro, uma quebra mal respirada a sair dos teus instintos.

No breu do ambiente, mal conseguia ver a brancura de tua face.

Você intriga-me!

Por isso continuo a passar aqui, todos os meus dias.

Sempre lhe esboço o mesmo sorriso de crepúsculo.

Sempre sem trocarmos uma palavra.

Hoje é diferente

Não tenho sorriso...

Não quero o perfume verde, e, quebrando o silêncio que nos abraça, falo-te com minha voz dormida a meses, tão adormecida que já nem pede para sair:

-Todos os dias venho aqui, sorrio para ti. Por que de isto acontecer?

Porque a mnha vida é fachada, até a esta hora, a hora de te ver!

... Nesta tua casa de papel!!!

Lanna Agda
Enviado por Lanna Agda em 18/07/2008
Reeditado em 21/07/2008
Código do texto: T1086205