NÃO SE ENGANE, MOÇO

Virou-se e de relance deixou à mostra o infinito dos olhos – era o olhar mais tímido que ela já havia cruzado. Teve a impressão de que aqueles olhos lhe pediam alguma coisa – ou, ao menos, deveriam pedir. Um olhar que pedia atitude. Sua atitude. Mas ela não era o tipo de pessoa que sabia tomá-las. Não esse tipo de atitude. Nunca fora dessas, mas seu olhar enganava e se mostrava como desbravador... Não se engane moço, ela não sabe tomar atitudes. Parece a mais destemida, a mais descolada, a mais segura, mas não é. No fundo é apenas a moça que ansiosamente espera que você perceba que ela também guarda um infinito nos olhos, e que é gamada nos teus.

São Paulo, 01 de Agosto de 2008.