Concha e o Sol

È difícil eu sei, mas de repente a vida

nos obriga a passar por cada provação.

Olho para os lados não vejo ninguém;

me sinto só.

Ninguém para segurar minha mão, ninguém

para me dar um ombro amigo, ninguém.

Foi como se eu tivesse saído de uma concha,

onde vivi muitos anos e tivesse me deparado

com o nada,apenas um vazio, triste e dolorido.

Logo eu, que sai dessa concha esperando

encontrar um mundo lindo cheio de flores,

muito sol, amor,esperança, carinho alegria

ou seja, o meu sonho.

O mais triste de tudo foi ter vivido anos

nessa concha me preparando para este momento,

levei muito tempo para tomar coragem de

abri-la. Pois lá dentro eu sofria também,

mas era um sofrimento passivo,conformado

de quem já acreditava não existir mais

para o mundo.

Um belo dia acordo, nossa e observo pela

primeira vez por uma fresta da concha,

que tem sol lá fora,mas não aquele sol bom

para bronzear. Mas sim aquele sol que aquece

nossos corações, alegra nosso dia e nos enche

de felicidade.

Então, paro e vejo aquele sol maravilhoso

sorrindo para mim. Acredito ter um lugar

junto à ele.

Começo feliz, a querer buscar esse lugar,

a desejá-lo mais que tudo.

Porém quando saio da concha o que encontro,

me confunde.

Encontro muita dor, humilhação, tristeza,

frieza, indiferença, cobrança, tudo isso

misturado. E o sol?

Sabe, aquele que um dia me encheu de coragem,

aqueceu minha alma e inundou meu coração de amor.

Pois é, esse mesmo sol agora é frio, distante,

impessoal. Eu com minhas forças exauridas devido

ao esforço feito para sair da concha e poder

estar perto dele. Me vejo agora diante do

desprezo do sol,que já não me quer mais por perto.

Afinal seu espaço por maior que seja já está

todo ocupado.

Não há mais lugar para mim, cheguei tarde.

Já me dou por vencida e conformada.

Por isso, paro e recupero minhas forças,

afinal estou cansada, tomo coragem, dou meia volta,

é hora de retornar para o interior de minha concha.

Pois dentro dela tenho o meu mundo cheio de um amor

incondicional, superior, sublime até, não tenho

a preocupação com minha aparência, pois lá apenas

sobrevivo, um dia atrás do outro apenas,pois o

tempo é contado de forma diferente no interior

da concha. Me ocupo dos mesmos problemas

pequenos até.

E coração ? Ah, esse não tem emoção nenhuma,

corpo frio não sente desejo nenhum.

È tranquilo, pois ambos ficaram em estado de

letargia, anestesiados, como sempre estiveram.

Na minha concha não tem amor mesquinho, ciúmes nada.

A única alegria ou sensação diferente que meu

coração pode sentir na concha é a saudade do

que já vivi,do amor que um dia já senti, e ,

a única alegria é a imaginação de como seria

a liberdade, pois na minha concha nunca a terei.

O sol, sabe aquele que um dia me fez acreditar

que tudo isso pudesse existir ?

Isso! Esse mesmo, lá da minha concha nunca

mais conseguirei ver.

Rofan
Enviado por Rofan em 30/04/2005
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