Apareceu-me de púrpura... O meu amor!

           ----------I----------

E o sol se foi. E mais uma noite cai, e eu me vejo aqui só e estendido estou por debaixo dos meus lençóis brancos e a noite escura lá fora a oferecer os seus temores noturnos.
Oh noites escuras essas sem estrelas, sem o lumiar da lua, sem o meu cheiro de uma flor, o nardo; o aroma desta flor faz abrir o meu peito penetrando ao meu coração que o beira...Ungüento, mas, sei que logo a sentireis do seu odor e a esparramarei como o leite derramado por entre os seus seios deixando-o escorrer sobre todo corpo seu; isso quando eu a descobrir do vestido de noiva que a cobre; a da minha moça a que virá ser a minha amada esposa, a minha do seu adorno; a minha que dos seus lábios quando nos meus tocares eu provarei o mosto suavíssimo do teu vinho.

            ----------II---------

Noite escura e demorada e sem o cheiro desta mulher da sua pele de figo, a dos olhos da cor de mel e sei que a verei e a terei a que virá ser a minha esposa e sei que ela baterás a minha porta quando findar esta noite densa e escura dando lugar ao alvor; e eu a abrireis com ela dizendo-me: Meu amado! Não estarás mais só, pois, tornará-a ser-me o noivo, o fiel me escolhido, e me apresento como me almejou e com uma cousa a mais; a tua moça do seu primeiro dia se apresenta duma veste no vestido numa cor púrpura... Eis me aqui! Sou eu o teu amor, sou eu, eu sou!



 -Hum! Apresentará-me de púrpura... O meu amor!


Ah! Essa noite não me deu ao sono, e se foi os dois, e não me sinto enfadado, e sim, esperançoso por ver através da janela quão graciosa é a alvorada a vindo compadecer-me de minha alma doando-me o canto majestoso dos pássaros; estando-os sobre os ramos verdes da minha árvore de frente a janela do meu quarto.
Levantei-me estou-me indo para o lugar onde jaz a porta a qual a minha amada baterás e por ela entrarás... E meu amor, amor, vem-me depressa, passam se os segundos passam-se os minutos e estou-me aqui do coração meu me reacendendo, querendo, crendo-me na tua vinda para doar-me os teus delicados dedos para a nossa aliança de ouro e assim ter-te-ei como a noiva ao nosso dedo direito e logo serás a minha... A fiel prometida do teu anel de ouro no dedo canho da tua mão; e porás no meu e porei-a no teu e ter-te-ei como a minha amada esposa e rainha e vindoura oh, a mãe de nossas filhas!



-Sinto bater! Oh! Deve ser a que me comprazo a esperada e amada a minha! Abri a porta e apareceu-me mesma dizendo-me: eis aqui a tua moça, a noiva, e serei tua e me fará uma mulher na nossa primeira noite de núpcias; uma noite transbordado de estrelas.
E daquela noite em diante findará de uma vez por todas os meus temores noturnos nas minhas noites escuras.

-Apareceu-me de púrpura... O meu amor!



Passou-se um mês, mais uns dias... És noiva minha e passaram-se mais uns tantos e... Agora és a minha prometida!
Despojei-te do teu vestido de noiva nesta noite só nossa! Estamos a sós, a sós e... Dos nossos corpos nus e sobre o teu derramarei o nardo feito como o leite e escorrendo eu vejo e me deleito por entre os teus dois peitos assemelhando a dois estendidos cumes. Hum! O nardo em líquido consumiu todo o teu corpo. Em delírio! Em delírio nós estamos, ah!
Oh! Beijastes me do teu vinho que dos teus lábios aos meus nos deixou inebriados.



Adeus as minhas noites escuras, adeus! Estou junto da minha amada faz tempo e que seja eterno as minhas noites que hoje junto a minha amada são deleitáveis, e são todas as noites que nos cobre; o sol!



Apareceu-me de púrpura... O meu amor!
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Obs: Este texto/ poema foi-me insparado/ elaborado através de citação de "TEMORES NOTURNOS" do livro CANTARES DE SALOMÃO
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Link, áudio anterior:
Completamente apaixonados...
http://www.recantodasletras.com.br/audios/mensagens/20426

Claudemir Lima – 23/03/2009