Enquanto anoitecia, olhava para o céu, pensando...
que magnífico, que espetáculo este universo.
Milhões e milhões de estrelas! Como DEUS criou tanta beleza?
Parecemos imortais, diante de tudo isso!
 
Pois é assim, maior parte de nossas vidas,
parecemos imortais, diante deste universo
cercado de tantas belezas.
 
Esta imensidão, costuma nos tirar o foco,
de tantas coisas pequenas, mas não menos essenciais,
presentes em cada momento de nossas vidas.
Mas simplesmente, parecemos não perceber.
 
Por parecermos imortais,
muitas vezes, não percebemos que a vida também esconde
pequenos universos desconhecidos.
Pequenos universos, que a sabedoria dos livros modernos,
não são suficientes, para que possamos decifrar ou compreender.
Falo da agonia dos gestos e do apelo
que há nas palavras dos nossos velhos. 
 
Por estarem velhos, sabem que estão perto demais do outro lado,
e temem que algo de ruim lhes aconteça.
Muitos, expressam o seu carinho cotidianamente,
Na esperança de perpetuar o seu amor.
Outros... sabem que muitas vezes foram intolerantes, duros...
mas do seu jeito, também sabem amar.
Mas todos, nos amam incondicionalmente.
 
Nossos velhos parecem imortais diante de tantas adversidades.
E nós, filhos ou netos, não percebemos as frações do tempo.
Não percebemos, que as pessoas envelhecem, e que para estas pessoas, uma data importante, um aniversário não lembrado,
é também, um ano á menos do pouco que ainda nos resta
para juntos vivermos.
Um momento não vivido, pode nunca mais ser possível.
 
Por parecermos imortais, esquecemos algumas coisas, ignoramos outras, ou dizemos que não tivemos tempo para ligar, ou para dar um abraço em nossos velhos.
E assim, vamos levando a vida, achando que somos imortais,
e que sempre haverá o amanhã,
para fazermos, o que hoje não deu para fazer.
 
É pouco ou quase nada, o que sabemos
sobre o outro lado.
Mas certamente, sabemos muito menos deste lado da vida.
Podemos reclamar e amaldiçoar o destino,
mas a partida, nos ronda e não escolhe o tempo,
e quando chega para um de nós,
chega para todos nós.
 
Ás vezes, quando não sabemos para onde ir,
acabamos voltando para o que conhecemos.
Para o ponto de partida.
Na vida, não é assim!
 
Os homens sempre foram medidos pelo seu trabalho,
pelo que cultivam, e pela forma como protegem sua família.
Nas últimas décadas, tudo isso parece que foi esquecido.
Não temos a clareza se evoluímos ou regredimos.
Mas muito tarde entendemos,
que deixamos de medir muitas outras coisas na vida,
enquanto há vida.
 
Por parecermos imortais, passamos a vida, fazendo uma leitura
de como somos, esquecendo de quem somos.
Esquecemos que nossos velhos, não são apenas pessoas que ilustram o retrato na parede, ou nomes que se misturam nas nossas agendas telefônicas, ou muito raramente, em listas de comunidades na internet, hoje, tão comuns no mundo dos jovens.
 
Por parecermos imortais, esquecemos que a vida, não é só respirar.
Viver é muito mais.
Esquecemos que entramos e saímos da vida das pessoas,
como se a porta estivesse sempre aberta.
 
Por parecermos imortais, prometemos
lembrar de quem amamos, sempre que o sol se pôr,
ou sempre que olharmos para o céu.
 
Mas imortais, são sempre as últimas palavras
que dizemos á quem amamos, ou os gestos que passamos à quem queremos bem.
Ausentes, somos nós, quando nos momentos mais sombrios da vida,
pensamos nas manias dos nossos velhos, e na rebeldia dos nossos meninos, sem nos dar conta que todos nós estamos predestinados à nos separar de quem amamos.
 
Meu velho pai, neste dia tão especial, quero te abraçar e dizer á você,
Que nunca te abandonarei, nunca te esquecerei,
e que estaremos eternamente juntos.
 
Adaptado de: Muito perto do outro lado 
Juan de Marco
Enviado por Juan de Marco em 31/07/2009
Reeditado em 11/09/2009
Código do texto: T1729751
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