O BARQUINHO E O MAR

Meu barquinho sempre navegou por rios tranquilos... Já havia passado por algumas corredeiras... Mas seu grande sonho mesmo, era conhecer o mar...

Sempre ouviu dizer sobre a profundidade e belezas do mar... Mesmo ouvindo também histórias de que ele é traiçoeiro, que muitas vezes é agitado, e sobre aqueles que foram arrastados para as suas profundezas e que se afogaram... Seu maior sonho... era conhecê-lo...

Já tinha ouvido diversas histórias trágicas, mas só conseguia se lembrar das que tiveram sucesso... Seu encantamento era tão grande, que até se esqueceu de que quando ele ficava agitado e revolto, saia arrasando tudo...

Certo dia, meu barquinho ía navegando tranquilo... em seu trajeto rotineiro... quando passou em um trecho... exatamente onde rio e mar se encontravam... e diante do majestoso e incomparável mar... meu barquinho ficou estagnado, ansioso, esperançoso, confiante e determinado... e foi nesse momento, que ele não perdeu a oportunidade... se encheu de coragem e correu ao encontro do seu grande sonho: conhecer o mar!!!

Estava tão deslumbrado que se esqueceu de tudo... na verdade, ele não se importava com nada... a emoção do sonho realizado era tão gigantesca... e de tão maravilhado que estava, ele só pensava e queria entrar e desvendar todos os mistérios, segredos e belezas que lá existiam...

Ao se aproximar, o mar também ficou encantado com aquela embarcação simples, modesta, mas cheia de sonhos e expectativas... e contou-lhe sobre outras embarcações que por ele já haviam passado... e o meu barquinho atento ouvia a tudo e dizia: __ jamais cometerei os mesmos erros... pois quero permanecer junto de ti, meu querido e grandioso mar...

Meu barquinho também contou-lhe sobre os rios e corredeiras por onde já havia passado... o mar ouvia com dedicação todas as experiências do meu sensível e empolgado barquinho...

Os dois passeavam, brincavam, se divertiam... havia se formado ali, uma enorme afinidade... era como se os dois já se conhecessem há muito tempo... a ponto de um saber o que o outro pensava, sentia ou queria...

Em meio a algumas viagens que os dois fizeram, eles já haviam experienciado pequenas chuvas fortes ao longo do percurso... mas até então, isso só havia aumentado a confiança e união entre os dois...

Certo dia, sem esperar, uma forte tempestade , com raios e trovões assustadores, chegou até eles... O mar ficou muito agitado e o meu barquinho, desnorteado... Foram dias sem tréguas de uma tempestade que parecida que não teria fim...

Meu barquinho já não estava aguentando mais chacoalhar de um lado para o outro... e foi então que o seu sensível casco se quebrou... e ele começou a afundar... O mar até tentou lhe ajudar, mas nada pode fazer...

Hoje... meu barquinho está todo despedaçado no fundo do mar... é bem verdade, que eles não podem se separar... que um segue dentro do outro, pois, mesmo aos pedaços, meu barquinho está dentro do mar... e ao mesmo tempo inundado por ele...

Agora eles não podem mais desfrutar as belezas naturais que exitem no percurso... mas cada um leva dentro de si, a maior beleza que alguém pode se levar dessa vida, e levam também a certeza de que eles nunca mais serão os mesmos...

Doce Solidão
Enviado por Doce Solidão em 30/01/2010
Reeditado em 30/01/2010
Código do texto: T2059857
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