Para não dizer que não falei de flores....
Para não dizer que não falei de flores...
Diante das incontáveis cenas de violência,
Multiplicando-se no palco cotidiano,
Muitas vezes somos a plateia muda
De trágicos espetáculos no Teatro dos Horrores.
Antes das cortinas se fecharem
Sob os murmúrios assustados e desarmados,
Alguns gritinhos agitados esboçam o prazer,
Mórbido de sentir na pele o alheio sofrimento.
Alguns outros sentem-se aliviados da pesada
Carga assistida e abandonam o grande final
Como se pudessem correr do drama real
Em sua caminhada incerta individual.
Bastasse-nos fugir destes terríveis momentos
Fechando os olhos, tapando ouvidos,
Tentando sepultar o verdadeiro objetivo
Sentido da peça que participamos.
Vivendo nosso papel com fraca emoção,
Dizendo as falas sofregamente em desespero,
Esquecendo de burilar o conteúdo com esmero.
As palavras são atropeladas, vomitadas
E depois de jogadas sem rumo certo,
Elas tentam se apegar a nossa pele,
Na esperança de se transmutar
Em tecido macio , livres de rugas
E sulcos profundos, passados, gastos.
Talvez sonhando tornar-se figuras
Eternas em corpos brilhantes e lúcidos
Como estrelas iluminadas no firmamento
Seriam moléculas novas sem sofrimento.
Atores experientes também erram o texto,
Se esquecem do objetivo principal
Quando sentem-se experientes e suficientes
Aí reside a inércia de um ente.
As cenas cotidianas sucessivamente
Repetem-se incansavelmente, tanto faz,
Sigamos, ou não em frente, buscando evolução.
Mudamos os cenários, os trajes, os roteiros,
Enfrentamos frio, calor, sol, aguaceiro,
Sorrimos, choramos, sonhamos, cantamos.
Precisamos cultivar nossos jardins existenciais
Para que de nossas almas a expressão
Linguística saiam leves, renovadas.
O sentido de amor, fé,, esperança, gratidão
Possam ser pronunciadas com pura emoção
Não sejam apenas uma vaga lembrança
Do que pode aprendemos na infância
De nossa árdua jornada existencial.
Vamos acender as luzes de nossas consciências
E deixar que elas brilhem para além
Do que pode conceber nossas experiências
Terrestres, que elas flutuem como flores
Perfumadas pelos jardins do Criador,
Junto com outras essências divinas.