Seis anos, nove meses e dezesseis dias...
Sim, esse foi o tempo do amor, aquele amor eterno, infinito... Durou menos de uma vida, menos de uma geração, embora muitos tenham nascido e morrido nesse tempo. Não, meu amor não morreu, vai viver
para sempre dentro de mim. O que morreu, foi a relação a dois, pois
um terceiro elemento se fez presente. Este surgiu do nada, ruidoso e
nada sutil. Talvez sem intenção, roubou a atenção daquela que, para
mim, era o sol que me aquecia, a lua das minhas noites, o alimento
essencial... Ela era o centro do meu universo, estava em tudo o que
eu fazia e sentia. Ingenuamente, pensei que era o mesmo pra ela ...
Sim, perdi meu grande amor, não sei bem qual a razão, mas sei agora
o que é a dor da perda... Perdi tudo, a paz interior, a capacidade de
ver a beleza da vida, o sentido das coisas, até o sono... O tempo me
fará esquecer a dor, sim, mas vai demorar muito. Até lá, vou viver
ainda este amor intenso, alimentado pelas muitas lembranças que
ficaram... Não, não guardo rancor, nem mágoa, isso já passou. Afinal,
já faz três meses que tudo acabou... Está parecendo bolero dos anos
cinqüenta, mas como isso é doloroso! Acho que este vazio nunca será preenchido...