Dualismo Amoroso

Minha intensidade tem seu dualismo.

Posso me entregar totalmente a um amor, se achar que devo.

Mas posso sufocá-lo até que ele deixe de existir, se duvidar de sua reciprocidade.

Posso mandar flores, escrever poemas e dar presentes com todo o meu carinho.

Mas se me magoar, vou te encontrar pela rua e nem vou precisar mudar de calçada.

Posso dedicar mais de uma música ao nosso amor.

Mas se você virar desamor, ouvirei novamente as mesmas canções sem me macular com lembranças do que não fará falta.

Não pense que por te amar demais eu jamais vou desistir de você.

Aposto todas as minhas fichas quando confio nas cartas que tenho nas mãos, mas posso abandonar o jogo se a mesa não me for favorável.

Podemos passar ótimos momentos juntos, por um mês, um ano ou quase uma vida.

Mas se em uma fração de segundos você me provar que não vale a pena, eu queimo as fotografias e afogo as lembranças, faço uma viagem rápida e volto totalmente pronto pra um novo amor.

Posso ser o amante mais dedicado, mas posso também ser o mais insensível dentre os homens que já se despediram de você.

Posso planejar uma eternidade a seu lado, mas qualquer desilusão pode me fazer comprar um quiosque na praia e lá viver por um bom tempo.

Te acolherei em meus braços, te abraçarei forte e segurarei sua mão quando tiver medo.

Mas uma decepção fará com que o máximo que eu possa lhe dedicar seja um aceno apressado, de quem passa quase como se não tivesse lhe reconhecido.

O amor demora um certo tempo pra florescer, mas pode secar num instante.

O desamor é a ferida com a maior capacidade de machucar meu coração, mas é também a que cicatriza mais rápido.