NÃO MATARÁS

Pequenino e indefeso no útero de sua mãe vive

seus primeiros dias de vida num ambiente de paz e tranqüilidade

necessário ao crescimento do feto, embora esteja iniciando

o processo de formação do corpo, o mesmo traz características

próprias da vida humana como capacidade sensitiva à dor,

ao medo e apego à vida. Mas este ambiente de paz

é cessado pelos ferros mortíferos que avançam útero adentro

procurando romper a bolsa amniótica. Se esta criancinha

que se forma no útero de sua mãe estiver com 12 semanas de vida,

seus pequenos movimentos serão suficiente para levar a boca

seu pequenino polegar. Alheio ao momento hediondo que se aproxima,

quando os ferros abortivos o procura para assassiná-lo, seu corpo

ainda em formação pressente a morte e num esforço incomum

de sobrevivência muda de lugar em ritmo desesperador

num último intento de escapar até a arma letal perfurar a bolsa

e deixá-los frente a frente, assassino e feto.

Este é o momento pior para a criancinha, ele, acuado,encolhido,

se espreme nas paredes uterinas esperando tão somente

o momento final. E quando os ferros lhe tocam, sua boca abre

num grito silencioso de socorro. Morto, seu corpo é mutilado,

destroçado e succionado pelo tubo de aspiração.

No entanto sua cabecinha não passa e esta é triturada e retirada

pedaço por pedaço do que foi um ser humano.

E mesmo com tamanha desigualdade de condições

fez o impossível pra não morrer.

Jose Augusto Cavalcante
Enviado por Jose Augusto Cavalcante em 16/02/2012
Reeditado em 21/02/2012
Código do texto: T3503717