Que eu possa amar como amo você

Ainda hoje me lembrei de um de nossos momentos mais marcantes. Tornou-se um ciclo sem fim rememorar tudo aquilo que vivemos quando estávamos juntos. Percebi que estou me viciando na saudade que você deixou em mim. Não deveria ser assim, mas seguir em frente continua sendo um dos meus maiores desafios. Pensar que tudo vai se resolver e você vai voltar passou a ser uma tortura que desafortuna os maiores sonhos que pude construir.

Se o sofrimento me faz companhia dia-após-dia quer dizer que meu coração ainda se sente preso ao seu. E sente, também, o pesar por você estar longe. Não há, neste momento, nada que faça-o desistir da idéia de querer-te. Em situações como essa, não conseguimos definir se pensamos com a cabeça ou com o coração, mas o peso de uma decisão imediata, que faça diminuir a dor, passa a ser urgente. Todos os caminhos e portas parecem estar fechados ao amanhecer de um novo dia.

Desde que você me deixou, todos os meus passos são guiados pela avaliação de meus erros. Sei que errei muito pouco e que você partiu porque viu seu amor se acabar, mas a dor maior é pensar mesmo se errei ao deixar isso acontecer. Não entra na minha cabeça que um amor possa se acabar, ainda mais quando olho todos os esforços que fiz para vê-la feliz. O que mais me dói hoje é saber que construí, tijolo a tijolo, uma casa de sonhos e, no fim, a vi desmoronar sem nada poder fazer.

A distância vai causando em mim um estado de letargia e, à medida que passa o tempo, meus valores vão se modificando e toda crença no amor puro parece estar definhando aos poucos. Depois de tudo, me senti mais propenso aos amores fúteis, sem perspectiva de futuro, mas que tragam prazer imediato. Não sei, realmente não posso dizer, mas a sua recusa em aceitar-me está, aos poucos, me fazendo mais duro e complexo, como se para as pessoas fosse difícil me entender.

Queria compreender por completo o que te levou a deixar-me. Todas as explicações que procuro analisar são meramente especulativas, pois vêm de um senso dependente causado pelo amor que ainda sinto. Aos crédulos, tal justificativa pode assemelhar-se a um pensamento filosófico, mas parece-me bastante razoável e simples ter independência para que tal situação seja explicada. Nesta confusão, nem sei mais se quero saber o razão de sua partida, mas sim quando você vai voltar. Se é que vai.

Em horas como essa, procuro ser cético. Não que tal atitude faça parte de meu comportamento, mas é desta maneira que vejo aumentarem as chances de você passar a ser apenas uma boa lembrança. Uma pessoa que entrou em minha vida, conquistou meu coração e depois deixou-o em pedaços. Depois de tudo, quero apenas recordar-me das coisas boas, para me emocionar com a saudade, e esquecer as ruins para tentar prosseguir sem sofrimento.

Ainda não descobri uma dor mais cortante que a de um grande amor ausente (Zé Ramalho), mas espero o tempo, o senhor de todos nós, passar e quem sabe, não curar, mas, misericordiosamente, diminuir a dor de estar longe de você. Se os esforços que fiz para sempre tê-la ao meu lado acabaram por não valer de nada, que pelo menos o aprendizado que levo possa me proporcionar viver e amar novamente, da mesma maneira que amei e amo você. Sempre.