Vazio

Quando os meus olhos eram os teus, senti profundamente a vida me negar; em uma vontade louca de morte, em um desejo estéril por fôlego, me percebi vagando entre as sombras, com uma vontade lasciva de não existência. No conforto desconfortável da mediocridade fui anulado por esse vazio, refém da morte antecipada e com a permissão de minha covardia, me joguei dentro de mim como um indigente. Venceu o medo, perdeu a vida.

Nesta terra sem graça, onde todo pecado é como um pedaço de carne sem sabor, sem tempero algum, onde todo prazer é escuridão em luz covarde, onde o sentir é não sentir para não se sentir. Nesta Terra de aliens, onde todos somos pedaços dos outros, mas nunca de nós mesmos, nunca somos nós. Não encontro paz, não encontro guerra, só encontro esse vazio que rasga meu peito, esse vazio que corrompe meu ser em nada, esse vazio que jorra fluxos de escuridão sem fim, esse vazio que me torna impotente e imponente diante de tudo.