O que aprendi do amor

Recentemente estive olhando uma foto sua. Venho, aos poucos, diminuindo a freqüência de vezes em que paro diante de seu retrato e me emociono ao vê-la tão bela, com um sorriso característico que fez com que eu me apaixonasse por ti. Nas idas e vindas da minha saudade, algum tempo já se passou, e sempre quando vejo se aproximar de mim alguma espécie de dor, já não mais me entrego. Sinto-me mais forte hoje.

Há alguns meses as estrelas não tinham o brilho que têm hoje. Olhando-as nesse momento, vejo que brilhavam da mesma forma, e que a minha visão talvez não estivesse pronta para ver as belezas da vida. De nada adianta nossos olhos quererem enxergar se nosso coração não se sente bem o suficiente para dar sentido ao que se vê. Penso ser esta uma combinação importante.

Das coisas que aprendi do amor, a mais importante talvez seja saber amar e saber não ser amado. Em algum momento da vida, todos nós iremos nos apaixonar e, por algum motivo, algumas dessas pessoas simplesmente não vão querer nada conosco. Aprendi que não podemos obrigar as pessoas a nos amar, mas sim preparar nossa alma para uma outra pessoa ou tentar ao limite da exaustão correr atrás de quem amamos.

Como tempo aprendemos a gostar mais de nós mesmos e a minimizar as desilusões da vida. Aprende-se que o maior erro que se pode cometer é não dar valor a quem gosta de nós de verdade. Perder chances na vida é algo inerente. Ver a felicidade passar e não querer agarrá-la mostra que talvez não estejamos preparados para amar. Aprendemos que as injustiças do amor não são feitas de caso pensado, na maioria das vezes. Aprendemos que podemos diferenciar amor e paixão, e que nem sempre bastam os olhares e beijos quentes; a convivência pede mais que isso. Ela pede compreensão, paciência, carinho, dedicação e cumplicidade.

O tempo nos ensina que devemos aprender sempre. É um exercício constante, pois a mutação da vida e de nossos sentimentos faz com que as surpresas sejam parte de nosso dia-a-dia. Enfrentar o desconhecido sempre causa medo e a tendência é que nos afastemos. Isso também acontece no amor. Vejo muitas pessoas se esquivarem dele por medo de sofrer. Saber amar inclui saber, também, deixar outra pessoa te amar. Se tens medo de sofrer, talvez estejas sofrendo sem nem mesmo perceber, e também estás fazendo sofrer quem quer te amar.

Aprendemos que a vida é formada de ciclos, e que estes ciclos vêm e vão com a mesma naturalidade. O que devemos fazer é saber aproveitar o que tais ciclos têm de melhor, mesmo que não consigamos ver, em um primeiro momento, o que podemos tirar de bom. No amor, saber dar e receber chances nos torna mais maleáveis, mais amorosos. Precisamos aprender que as pessoas nos machucam, mesmo quando querem o nosso bem. Perdoar é algo que ainda temos de aprender, e perdoar a si mesmo é o primeiro passo para que possamos ficar em paz conosco.

O tempo ensina que o amor pode ser sentido de diferentes formas. Algumas pessoas amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar isso. Outras amam e fazem questão de mostrar esse amor a todo momento. Saber conviver com pessoas diferentes no modo de sentir, pensar e agir é de suma importância para que saibamos respeitá-las. Temos de aprender a conviver com pessoas de personalidade forte. Em alguns momentos podem parecer arrogantes, mas sempre têm dúvidas, medos, incertezas e certezas. O amor brilha na mente das pessoas que sabem quais fatores estão envolvidos no eterno jogo da sedução.

Aprendemos que algumas pessoas não se entregam de imediato. Mesmo quando tentadas, resistem. Saber reconhecer e respeitar tal característica faz com que o ganho seja mais valorizado. Muitos analisam minuciosamente a situação antes de se entregar, e o tempo é a arma que temos para mostrar a valia de nosso sentimento.

A vida não nos prega peças. Ela está aos nossos pés esperando que possamos tomar atitudes que façam-na ter sentido. Olhe ao seu redor e veja quantas pessoas lhe amam, quantas querem o seu bem e que a vida lhe dá várias opções de felicidade. Os corações partidos estão em todos os lugares. Se o seu está ou foi partido, lembre-se de uma citação de Gabriel García Márquez:

“ Quem sabe Deus queira que conheças muita gente equivocada antes que conheças a pessoa adequada, para que quando finalmente a conheças, saibas estar agradecido”.