PAREDES DE MINHA VIDA

Nesta morada....
Sem divã e paredes não embuçadas
Passo esses longos dias...
Minha companhia ainda é criança

E a amada?!
Ah, amada se vai ao amanhecer
Mas qâo bom é vê-la regressando 
Ao final deste crepúsculo 
Que cura essas lágrimas urbanas

Nesta vida de desocupado
Só me restaram as louças sujas e a poesia

Poesia, poesia...
Ainda bem que não preciso de cifrões
Para tê-la entorpecendo
Ou entorpecendo-me?!

Mas também nunca me questiono
Se das LETRAS
Hei de salvar algum vintém
Pois nesta guerra entre homem e escrita... 
Poetas?!
Poetas só vivem quando morrem

E vejo tantos vates na teia mundial
Procurando estilos, criando formas
Tomara que eles engravidem a poesia
Ou se permitam fazer amor com ela;
Ou que ela os deixem ébrios
Até vomitarem...
Uma madrugada inteira de poemas!

E esta semana começo 
A enviar meu resumé...
Por que as reservas?! 
Ah! As reservas deixei todas 
No mercadinho da esquina

E assim sigo meus dias
Sem visitas rápidas

É somente eu e este anjo
Que me beija a fronte 

Enquanto meu coração?!
Ah meu coração...
Canta!  A nota mais alta
Para não desfalecer...
Na arrogância dos homens.

( Fábio Ribeiro. Jan/2017 )