Foi no primeiro emprego
Era jovem, andava com o coração apertado.
Ao vê-la, tremia só de se imaginar ao seu lado.
De mãos dadas? Ah! Isso só mesmo em sonho.
Um dia ela lhe dirigiu um sorriso seguido de um discreto oi!
Um sorriso e um oi? Tinha ganhado o dia! Não cabia em si de felicidade.
Sempre corria pra janela do escritório em determinado horário; sabia que ela era pontual.
Lá ia ela, sempre firme, andar determinado de quem sabia o que queria.
Ele também sabia o que queria...
Um dia haveria de encontrar coragem e falaria a ela tudo o que sentia.
Falaria das noites mal dormidas, dos devaneios à luz do dia.
Já havia imaginado vários momentos, beijos, abraços e carinhos.
Andava muito distraído; até pisou em uma poça d’ água com o tênis novo.
Estava decidido, seria naquele dia! Procurou manter certa distância, pois não queria ser notado.
Não tinha ideia de como ela era rápida; teve de apertar o passo.
Era invadido pela coragem, enquanto a distância entre eles se apequenava.
Sentia o coração sair pela boca.
Inventaria uma desculpa, qualquer coisa, só não sabia ainda qual.
De súbito estancou...
Aquela que havia consumido todos seus pensamentos, agora estava nos braços de outro.
Deu meia volta e procurou se recompor.
Sua mente estava sendo fustigada pelas cenas que acabara de presenciar.
Sim, sua pontualidade! Ela era compromissada. Tonto!
Naquele dia perdeu o almoço. Ficou alguns dias meio desolado.
Passado algum tempo, já estava recuperado de sua primeira desilusão.
Engraçado! Sentia-se à vontade para seguir em frente. Afinal, já estava com quinze anos.