No amor, queremos

A vida nos ensina coisas terríveis. Uma delas: que não devemos esperar um "obrigado" da pessoa à qual insistimos dar aquilo que ela não quer...Como somos egoístas quando assim procedemos!!!

E, também, o quanto somos tolos em considerar como mal agradecida a esta pessoa que não reconhece este nosso fútil esforço...

Como somos cruéis ao obrigar que esta pessoa se complete, e fique agradecida, justo por receber de nós aquilo que ela não quer (e que achamos que ela quer e, porque nos é conveniente, queremos que ela queira), e do qual, no mais das vezes, ela se livraria sem titubear...

Por outro lado, quão agradecida fica esta pessoa se, por um golpe de sorte, damos a ela aquilo que nem sonhávamos ou não queríamos ver que era ali que estava o seu desejo...., comumente naquilo que não suportaríamos abrir mão e entregar...

A pergunta a ser tirada disto é: sou ou não mesquinho, quer dizer, amo mais a este outro do que a mim mesmo a ponto de abrir mão deste meu bem precioso e que ora destituo desta pessoa em prol de mim mesmo, ou seja, sou capaz de abrir mão de meu abrigo próprio para devolver a ela aquilo, que sendo dela, me faltará...?

Amo, mas quando digo "amo" o que estou dizendo, o que estou querendo...? Responder honestamente a esta pergunta não supõe, como condição inicial, coragem para considerar o outro em sua radical singularidade, em seus modos próprios de existir e desejar? Nisto reside o perigo maior: no amor, queremos...

A.M.

SP 03/01/2016

Abenon Menegassi
Enviado por Abenon Menegassi em 03/01/2022
Código do texto: T7421255
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