QUADRA

A época convida !

São as lojas, os brilhos, as cores,

os embrulhos dos presentes, cativando os olhos,

e as próprias gentes, mais bonitas,

alegrando a vida, num hino generalizado,

feito de novas paixões...

Os nossos passos, caminham menos rápido

que os nosso desejos,

e conduzem-nos em infindáveis peregrinações,

por entre anseios e caprichos

que descobrimos a cada instante,

em arrepios de prazer.

Nos recantos mais escusos das nossas mentes,

memórias vagas de compromissos a cumprir,

debatem-se contra sedes poderosas

e difíceis de mitigar,

em batalhas de sensatez derrotada.

E lá, nas maiores profundidades,

enfurnado entre as raízes do que somos,

o nosso código de valores

escora em frágeis firmezas

as noções fundamentais

ao comportamento de cada um.

Vinda de todo o lado,

uma energia sutil concorre

para um único momento especial,

condensada numa data eleita

por acontecimentos anteriores

ao nosso tempo, recorrentemente...

E com ela, uma promessa imorredoura

de conforto e prosperidade,

de salvação e justiça, de carinho,

e, principalmente, de amor,

assola o mundo inteiro,

maior que políticas e religiões,

deixando o mundo antever

um outro mundo mais extraordinário.

Como se, a partir de um dado momento,

a escuridão e o frio fossem acabar,

dando lugar aos dias mais longos e alegres,

aos risos do contentamento,

ao fim de todo o sofrimento,

e à bonomia das mãos,

procurando-se em gestos de amizade

- e como se isso fosse durar para sempre...

Chamaram-lhe Natal,

já há muitos anos !

Itapecerica, Natal de 2007